Em abril, prisão em 2ª instância dominou o debate nacional do Judiciário
26 de dezembro de 2019, 9h00
Em abril, Ricardo Lewandowsk, ministro do Supremo Tribunal Federal, suspendeu uma decisão do Tribunal Superior Eleitoral e concedeu Habeas Corpus para que dois condenados em segunda instância aguardassem o trânsito em julgado.
A medida foi possível porque os réus eram envolvidos em um mesmo processo de crime eleitoral. Eles foram condenados pelo Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro e presos após a sentença.
No mesmo mês, a 1ª Turma também revogou uma liminar concedida pelo ministro Marco Aurélio que impedia a prisão de um homem condenado em segunda instância.
As discussões em torno da execução antecipada da pena estavam a todo vapor. À época, o presidente do Supremo, ministro Dias Toffoli acabou adiando a votação da matéria atendendo a um pedido da Ordem dos Advogados do Brasil.
Veja as principais notícias do mês na coluna Resumo da Semana:
6/4 Decisão de adiar julgamento de ações sobre prisão antecipada foi destaque
13/4 Decisão do Carf contrariando jurisprudência do STF foi destaque
20/4 Decisões sobre inquérito instaurado por Toffoli foram destaque
27/4 Inconstitucionalidade de lei municipal que fixou ISS para escritórios foi destaque
Entrevista de Lula à Folha
Abril também foi marcado por reviravoltas envolvendo a imprensa. O presidente do Supremo cassou a determinação do ministro Luiz Fux que havia proibido a jornalista Mônica Bergamo, do jornal Folha de S. Paulo, de entrevistar o ex-presidente Lula.
A decisão foi divulgada no mesmo dia em que o ministro Alexandre de Moraes revogou sua própria determinação de retirar do ar uma reportagem da revista Crusoé e do site O Antagonista. A decisão tinha sido tomada no âmbito do inquérito que investiga ataques aos ministros do STF, e a reportagem mostrava, incorretamente, ligações entre Dias Toffoli e a Odebrecht.
Anuário da Justiça do Rio de Janeiro
Em abril também ocorreu o lançamento da edição 2019 do Anuário da Justiça do Rio de Janeiro. A publicação trouxe um retrato do Judiciário fluminense, com o perfil dos 180 desembargadores que integram a corte, dados sobre a produtividade e trechos selecionados de decisões que apontam tendências de julgamento.
O anuária recebeu elogios do presidente do TJ-RJ, desembargador Cláudio de Mello Tavares. “A publicação, verdadeiro clássico da produção jurídica nacional, se revela como um autêntico manual para os operadores do direito e reúne análise pormenorizada de todos os membros dessa corte, esclarecendo seus posicionamentos e votos mais notórios”, disse.
Leniência da Odebrecht
Em reportagem, a ConJur revelou que, assim como no caso da Petrobras, o acordo de leniência que a Odebrecht assinou com o Ministério Público Federal em dezembro de 2016 também previa a criação de uma conta judicial, sob responsabilidade da 13ª Vara Federal de Curitiba, para que o dinheiro fique à disposição do MPF.
Segundo o parágrafo 3º da cláusula 7ª do acordo, "o valor global será destinado ao MPF". O parágrafo 4º diz que "a Colaboradora [Odebrecht] disponibilizará, diretamente ou a critério da Colaboradora, por intermédio de seu grupo econômico, os valores ao MPF, mediante depósito judicial junto ao juízo homologador ou ao juízo da 13ª Vara Federal de Curitiba".
Após o MPF enfrentar questionamentos sobre os acordos firmados pelo órgão com a Petrobras e a Odebrecht, a Advocacia-Geral da União e a Controladoria-Geral da União decidiram retirar o sigilo dos acordos de leniência que celebravam até o momento.
Entrevista do mês
Em entrevista a ConJur, o secretário especial adjunto da Previdência e Trabalho, Bruno Bianco, afirmou que as críticas à reforma da previdência proposta pelo governo de Jair Bolsonaro são mal-intencionadas. De acordo com ele, a reclamação de que a medida pretende retirar direitos dos trabalhadores para enviar dinheiro aos bancos é falaciosa.
Bianco também diz que a proposta foi alvo de resistência justamente porque ela beneficia “o mais pobre” e aumenta a contribuição dos ricos. “Porque tem tanto lobby contrário à reforma? Se ela fosse contra o pobre não teria lobby, porque não tem lobby”, alega.
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