'Opinião Ressentida'

Anselmo Lopes se associou a ONG para gerir R$ 2,3 bi do Erário, diz Aras

 

16 de fevereiro de 2024, 8h23

Em resposta a um ataque do procurador da República Anselmo Lopes, o ex-procurador-geral da República Augusto Aras afirmou que a mágoa do seu opositor se deu por causa de um negócio frustrado. Lopes tentou associar Aras ao movimento golpista do ano passado que levou aos atos do 8 de janeiro de 2023.

“A manifestação de Anselmo Cordeiro Lopes contra mim não passa de uma opinião ressentida de um procurador ainda inconformado com minhas decisões contrárias ao repasse de R$ 2,3 bilhões de um acordo de leniência para a Transparência Internacional, uma ONG alemã. Grande parte desse valor já foi depositado em favor da União, em decorrência das medidas da nossa gestão na PGR”, afirmou Aras.

Aras disse que declaração de procurador próximo à TI é uma “opinião ressentida”

Aras se referiu a uma manifestação de 2020 em que ele considerou ser evidente que uma organização privada administraria a aplicação dos R$ 2,3 bilhões previstos no acordo de leniência da J&F, sem fiscalização ou controle estatal.

Essa manifestação foi citada pelo ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal, na decisão que ordenou medidas para investigar o papel da Transparência Internacional no acordo da J&F.

O procurador Anselmo Lopes, em parceria com a agência “Transparência Internacional” — que representa no Brasil interesses de grandes conglomerados e abrigava prepostos de interessados na compra de empresas nacionais — trabalhou para direcionar negócios. A trama se desenvolveu dentro do acordo de leniência que Lopes impôs à J&F Investimentos.

“As acusações oportunistas e infundadas desse procurador, apaixonado por holofotes, já foram encaminhadas à Corregedoria do Ministério Público para as providências cabíveis”, concluiu o ex-PGR.

Bola cantada

Em setembro de 2023, a revista eletrônica Consultor Jurídico noticiou um caso envolvendo Anselmo e a Transparência Internacional. O episódio desembocou na maior guerra empresarial em curso no país: a que opõe o grupo J&F e a Paper Excellence, na disputa pela Eldorado Celulose.

O palco da cena, em Brasília, é a chamada “operação greenfield”, que foi conduzida por Anselmo. E o sujeito oculto da oração é o empresário Josmar Verillo, que era executivo da Paper Excellence e que durante anos dirigiu a papeleira Klabin.

Sabia-se que Verillo estava predestinado a dirigir a Eldorado, caso a Paper pagasse a segunda metade da compra. O que não se sabia era que ele trabalhou junto ao Ministério Público Federal na costura que levou a J&F a vender a empresa à Paper.

Em diálogos da apelidada “vaza jato”, o procurador Anselmo revelou que o acordo de leniência do grupo brasileiro foi desenhado junto com a Transparência Internacional, empresa que se apresenta como ONG (Clique aqui para saber mais).

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