Indignação coletiva

Celso de Mello classifica como necrófilo discurso de Bolsonaro sobre máscaras

Autor

11 de junho de 2021, 10h22

O ministro aposentado do Supremo Tribunal Federal, Celso de Mello, criticou duramente as declarações do presidente Jair Bolsonaro sobre a possibilidade de o Ministério da Saúde passar a recomendar a dispensa do uso de máscara para quem foi vacinado.

Antonio Cruz/ Agência Brasil
Bolsonaro disse que iria pedir parecer ao Ministério da Saúde sobre dispensa do uso de máscaras para quem já foi vacinado
Antonio Cruz/ Agência Brasil

"O discurso de Bolsonaro pronunciando-se pela dispensa da máscara, mais do que um ato temerário, constitui, na realidade, um inconcebível ‘discurso necrófilo’ que é rejeitado pela ciência e que não pode nem deve ser acolhido por razões de sensatez, de responsabilidade e de respeito e preservação da vida e da saúde do povo brasileiro" declarou.

Em uma live em seus perfis nas redes sociais Bolsonaro classificou o uso de máscaras como uma "opressão". "Conversei com Queiroga, dei a notícia um pouco mais cedo. Ele vai fazer um estudo de modo que possamos sugerir ou orientar a desobrigação do uso da máscara para quem já foi vacinado ou para quem já contraiu o vírus. A gente não pode viver numa opressão a vida toda sobre isso aí", disse.

Celso de Mello não foi a única personalidade da comunidade jurídica a condenar a fala do presidente. Atual decano do Supremo, o ministro Marco Aurélio disse ser impensável a dispensa do uso de máscara entre vacinados.

"Isso é impensável. Foge ao bom senso. Ainda estamos em meio à pandemia e toda cautela que puder ser implementada é bem-vinda. Temos vários casos de pessoas vacinadas que depois pegaram a Covid. Deveria haver uma propaganda maciça pelo uso da máscara, distanciamento social, uso do álcool e higiene das mãos. Nós ainda não suplantamos a pandemia. Basta constatar o número de mortes por dia", disse o ministro.

Quem também condenou a medida proposta por Bolsonaro foi o presidente do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, Felipe Santa Cruz. "Diante do aumento da vacinação, por motivos alheios ao seu trabalho e desejo, o presidente tenta uma nova fórmula para matar mais alguns brasileiros. Tirar as máscaras das ruas! Ninguém pode dizer que o partido da morte não tem um líder coerente e tenaz no Brasil."

Políticos de diferentes matizes ideológicas como o ex-presidente Lula, Marina Silva, Ciro Gomes, e Renan Calheiros também criticaram duramente a fala do presidente. O relator da CPI da Covid-19 chegou a comparar Bolsonaro com o líder da seita religiosa Templo dos Povos, Jim Jones. Ele se tornou mundialmente conhecido por promover um massacre misto de suicídio coletivo e assassinato em massa que vitimou 918 pessoas em 1978.

"Logo que foi descoberta sua atividade de lobista de cloroquina, o presidente muda o assunto e declara guerra à máscara. Quer o Brasil exposto ao vírus. Temos um Jim Jones na presidência. A diferença é que o louco americano induziu ao suicídio, e o brasileiro quer também o assassinato em massa", declarou Renan Calheiros.  O Brasil já registrou 482 mil mortes provocadas pela Covid-19.

Autores

Encontrou um erro? Avise nossa equipe!