Falsidade ideológica

PGR denuncia Carla Zambelli e Walter Delgatti por invasão a sistema do CNJ

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23 de abril de 2024, 14h33

A Procuradoria-Geral da República denunciou a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) e o hacker Walter Delgatti Neto por invasão ao sistema do Conselho Nacional de Justiça. Eles teriam atuado para incluir no sistema um falso mandado de prisão contra o ministro Alexandre de Moraes.

Zambelli teria contratado hacker para inserir informações falsas em sistema do CNJ

Segundo a denúncia, a invasão também poderia ter levado à soltura de Sandro Silva Rabelo, o “Sandro Louco”, apontado como líder do Comando Vermelho no Mato Grosso. Isso porque foi incluído um alvará de soltura falso, com a assinatura de um juiz da 2ª Vara Criminal de Cuiabá, a favor de Rabelo.

A denúncia é assinada pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet. Segundo ele, Zambelli comandou a invasão a sistemas institucionais utilizados pelo Judiciário, como o Banco Nacional de Mandados de Prisão (BNMP).

Ela teria contratado Delgatti, que ficou conhecido por hackear conversas no Telegram de procuradores da autodenominada força-tarefa da “lava jato”. A divulgação das mensagens pelo site The Intercept ficou conhecida como “vaza jato”.

O relator do caso no Supremo é Alexandre. Em um primeiro despacho, o ministro determinou que os investigados apresentem resposta à denúncia no prazo de 15 dias e retirou o sigilo dos autos principais do processo.

Se o ministro aceitar a denúncia, Zambelli e Delgatti se tornarão réus por invasão a dispositivo informático e falsidade ideológica.

Denúncia

A denúncia tem por base investigação feita pela Polícia Federal. Em depoimento, o hacker afirmou que foi contratado por Zambelli.

“Walter Delgatti, sob o comando de Carla Zambelli, evidentemente sem autorização expressa ou tácita de quem de direito, invadiu o sistema e utilizou a credencial violada de dois funcionários em atividade, bem como criou credencial falsa com privilégios de magistrado”, diz trecho da denúncia.

Ainda segundo o PGR, em 4 de janeiro de 2023, o sistema do BNMP foi invadido e Delgatti incluiu “um mandado de prisão contra o ministro Alexandre de Moraes” também a partir de uma credencial forjada.

Quanto ao alvará em favor do líder do Comando Vermelho no Mato Grosso, diz a denúncia, a peça foi inserida em sistema público e poderia ter “alcançado o efeito da soltura do sentenciado a duas centenas de anos de reclusão”.

A investigação teria encontrado no celular de Zambelli quatro documentos falsos inseridos criminosamente pelo hacker nos sistemas do CNJ.

Um documento falso foi publicado pela imprensa na noite de 4 de janeiro, três horas depois de a deputada recebê-lo do hacker. Ela teria sido a responsável pela divulgação.

Outro lado

Em nota, a defesa de Zambelli negou que ela tenha atuado na invasão dos sistemas do CNJ. Ela é defendida pelos advogados Daniel Bialski, Bruno Garcia Borragine, Daniela Woisky e André Mendonça Bialski.

“A defesa da deputada Carla Zambelli recebeu com surpresa o oferecimento da denúncia em seu desfavor, já que inexiste qualquer prova efetiva que ela tivesse de alguma forma colaborado, instigado e ou incentivado o mitômano Walter Delgatti a praticar as ações que praticou”, diz a nota.

“A narrativa dele, acusando a deputada e terceiras pessoas, foi desmentida pela própria investigação, e a defesa irá exercer sua amplitude para demonstrar que ela não praticou as infrações penais pelas quais foi acusada”, conclui o documento.

Clique aqui para ler a denúncia
Pet 11.626

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