Mercado jurídico

Fenalaw mira tendências e desafios na gestão pós-Covid por escritórios

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1 de agosto de 2021, 8h21

A Fenalaw começa nesta segunda-feira (2/8) e vai até o dia 6. Essa será a segunda edição do maior evento jurídico da América Latina em formato 100% online, por causa da epidemia de Covid-19. A programação irá agrupar congressistas de todo o país, que irão apontar tendências, desafios e soluções para gestão de escritórios de advocacia e departamentos jurídicos.

Alexandre Boiczar
Diretora da Fenalaw, Maria Juliana do Prado Barbosa pretende adotar modelo híbrido do evento após a crise sanitária
Alexandre Boiczar

Em entrevista à ConJur, a diretora da Fenalaw, Maria Juliana do Prado Barbosa, explica que a edição de 2021 promete uma entrega de conteúdo ainda melhor do que a primeira edição que aconteceu no formato online, no ano passado. "A Fenalaw sempre foi um evento que entregou muito conteúdo e a edição online não irá dever nada em relação ao evento físico. São 240 palestrantes que irão passar conteúdo voltado para escritórios pequenos, médios e grandes e para departamentos jurídicos", explica.

A programação irá reunir palestras sobre tecnologia, teletrabalho e LGPD e os participantes terão acesso a uma plataforma virtual voltada para networking e prospecção de novos negócios.

"Teremos uma sala voltada para gestão de pequenos e médios escritórios, inovação e tecnologia, marketing jurídico e assuntos específicos como legal design e visual law", diz. Outra novidade será o espaço destinado a discutir diversidade e inclusão nos escritórios. A iniciativa surgiu de um programa da Fenalaw que ocorre durante o ano todo chamado "Fenalaw Diversa".

Maria Juliana explica que, apesar da edição 2022 da Fenalaw já ter local definido para acontecer de modo presencial, o "novo normal" irá deixar marcas no evento. "Vamos de alguma maneira adotar um modelo híbrido. O evento tem tanto assunto que iremos abordar alguns deles de modo virtual", sustenta.

Tendências e desafios
A realidade imposta pelo avanço da Covid-19 no país mudou o modo como os escritórios de advocacia trabalham e são geridos. Um dos aspectos mais marcantes desse cenário é o trabalho remoto.

Juliana Pacheco, especialista em marketing jurídico e fundadora do BuscaJur, acredita que o teletrabalho que tanto gerava insegurança aos escritórios de advocacia trouxe excelentes resultados.

Ela acredita que a tendência é que muitos escritórios mantenham pelo menos parte da sua operação no sistema remoto. Portanto, o formato híbrido — escritório e home office  veio para ficar. O tema foi abordado em reportagem da ConJur em junho deste ano.

"Os escritórios necessitaram de uma maior e melhor gestão para não perderem a qualidade e o controle de suas atividades. Esta gestão legal mais efetiva também não será esquecida com o período pós-pandemia", explica. Juliana também cita outros fatores que terão suas transformações mantidas, como a gestão de pessoas, a gestão de documentos, o endomarketing, a publicidade, o networking, entre outros.

"Destaco que a capacidade de comunicação, a criatividade, o pensamento crítico e a capacidade de resolução de problemas complexos são algumas soft skills que já estão fazendo muita diferença neste período de pandemia. Criatividade, gestão de pessoas e liderança são outras habilidades que valem uma maior atenção, pois cada vez mais deixam de ser grandes diferenciais e passam a ser requeridas em boa parte das posições disponíveis no mercado, inclusive requeridas para um empreendedor que deseja abrir seu escritório de advocacia", argumenta.

Juliana irá ministrar palestra cujo tema é "Regras de Publicidade na Advocacia — O que podemos esperar de agora em diante? Como ficou o Código de Ética da OAB sobre Marketing Jurídico", que irá ocorrer no primeiro dia da Fenalaw.

Se o desafio imposto pela Covid-19 forçou bancas de advogados a afinar seus processos, o provimento da OAB que estabelece novas regras para publicidade e o uso em larga escala de tecnologia representam uma verdadeira oportunidade para alavancar o faturamento e conquistar novos clientes.

Sobre as ferramentas tecnológicas, Simone Viana Salomão e Carlos Manino, da Totvs, que irão palestrar sobre o tema na Fenalaw, explicam que o distanciamento imposto pela crise sanitária fez com que os gestores jurídicos deixassem antigas reservas de lado. "O uso de datacenters para manter documentos na nuvem atualmente sofre muito menos resistências nos escritórios por conta da imposição do trabalho remoto. Isso é importante porque essa ferramenta é flexível do ponto de vista de custo, porque você paga efetivamente o que o escritório usa", explica Manino.

Simone, por sua vez, explica que a transformação digital imposta pela pandemia chegou para ficar e que os escritórios terão que se adequar a essa realidade. "As pessoas já não têm mais o mesmo expediente. Temos que ter uma gestão voltada para entrega e não para o horário. Isso, atrelado ao uso da tecnologia, é fundamental para adequação a uma verdadeira nova convivência social", explica.

Manino destaca que a visão dos escritórios em relação a investimentos em tecnologia também mudou. "Antes, era encarado apenas como custo; com a pandemia, os gestores passaram a enxergar a importância estratégica da tecnologia", diz. "Já existem clientes que exigem por contrato a necessidade de um plano dos escritórios para atuação em caso de uma nova pandemia."

Ambos sustentam que o mercado brasileiro atualmente já oferece ferramentas tecnológicas para todos os tamanhos de escritório. "O brasileiro é muito inteligente. Ele pode demorar, mas ele se adapta e já entendeu que a tecnologia é importante para sobrevivência desse mercado", complementa Simone.

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