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Não há registro de cooperação internacional no caso Odebrecht, reafirma MJ

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1 de setembro de 2023, 15h47

Não há registros de pedidos ou da ocorrência de cooperação internacional pelas vias oficiais entre membros da extinta "lava jato" e autoridades estrangeiras no processo que levou executivos da Odebrecht a fechar acordo de colaboração premiada em dezembro de 2016.

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Ofício respondeu petição do advogado e alvo da "lava jato" Rodrigo Tacla Duran
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A confirmação foi feita pelo Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional (DRCI) a pedido do advogado e alvo do Ministério Público Federal, Rodrigo Tacla Duran, nos autos de uma petição que tramita no Supremo Tribunal Federal.

O DRCI é o órgão do Ministério da Justiça com atuação prevista em lei nos acordos de cooperação internacional. Seria o canal adequado para solicitar a autoridades internacionais o acesso aos sistemas da Odebrecht que, sediados na Suíça, teriam registro de operações estruturadas.

Como mostrou a revista eletrônica Consultor Jurídico, antes de receber os arquivos da própria construtora, após a assinatura do acordo de leniência, os procuradores já tinham acesso ao material graças a acordo informal com autoridades suíças. E contavam com ajuda de autoridades americanas.

A consequência do drible aos canais oficiais é que não é possível garantir a cadeia de custódia dessas provas. No caso específico dos documentos dos sistemas Drousys e MyWebDay, a ConJur informou em 2020 que peritos da Polícia Federal admitiram a possibilidade de adulteração.

Tacla Duran, que foi advogado da Odebrecht, chegou a ser preso preventivamente em 2016, acusado de ser um dos operadores do sistema de pagamento de propinas a políticos. Ao Ministério da Justiça, ele requereu esclarecimentos sobre a existência de cooperação internacional oficial na ação que levou ao acordo de leniência de executivos da empreiteira.

Em 21 de agosto, o DRCI informou que não encontrou qualquer registro oficial. Foram feitas pesquisas no Sistema de Gestão (SG) e no Sistema Eletrônico de Informações (SEI), usados desde 2014 e 2017, respectivamente, e em pastas digitais mantidas na rede do ministério, com casos mais antigos.

Também por meio do ofício, o órgão esclareceu que o envio de material pelos canais oficiais é o que permite concluir que o mesmo foi produzido por autoridade competente e, logo, possui legitimidade. "Em outras palavras, a tramitação por meio das autoridades centrais garante a preservação da cadeia de custódia."

As provas obtidas paralelamente pela "lava jato" já não podem ser usadas desde junho de 2023, quando o ministro Dias Toffoli, relator da petição no STF, anulou todo o conjunto probatório reunido a partir dos sistemas Drousys e My Web Day B contra o advogado.

Tacla Duran foi autorizado a voltar ao Brasil sem risco de ser preso e esclarecer na Câmara dos Deputados as acusações sobre extorsões que teria sofrido da "lava jato" de Curitiba, incluindo o ex-juiz e hoje senador Sérgio Moro.

Não é a primeira vez que o Ministério da Justiça falha em encontrar registros de cooperação internacional entre membros da "lava jato" e autoridades estrangeiras. Em novembro de 2020, a conclusão foi a mesma. O pedido fora feito pela defesa do hoje presidente Lula.

Pet 11.403

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