Recém reformado

Cenário atual torna Brasil atrativo para investidores estrangeiros, diz economista

 

28 de novembro de 2023, 19h01

Um investidor estrangeiro, quando decide trazer recursos ao Brasil, compara o país com economias emergentes, como Colômbia, Chile, México, China e Turquia. Hoje, o Brasil é visto como um país que fez reformas importantes, como da Previdência; que deu independência ao Banco Central; que criou agências reguladores; que conta com marcos reguladores importantes; que tem a perspectiva de uma reforma tributária em breve; que investe em energia renovável; que não tem altos gastos com segurança nacional; e que não está envolvido em conflitos. Tudo isso aumenta a atratividade brasileira.

Moisés Silva
Mansueto Almeida durante sua palestra na 24ª Conferência Nacional da Advocacia

Este panorama foi traçado pelo economista-chefe do banco de investimento BTG Pactual, Mansueto Almeida, nesta terça-feira (28/11), em conferência magna na 24ª Conferência Nacional da Advocacia Brasileira. O evento ocorre no Expominas, em Belo Horizonte.

Almeida elogiou o momento atual da economia brasileira. Ele lembrou que, no início de 2023, a taxa Selic estava em 13,75% ao ano para uma inflação esperada de 6% no período. Ou seja, o Brasil começou o ano com uma taxa de juros real de 8%. Com medidas do Banco Central, a expectativa é que o país termine 2023 com uma taxa de juros de 11,75% para uma inflação esperada para o próximo ano de 4%.

Os juros nominais caíram dois pontos percentuais, mas a expectativa da inflação também. Assim, 2024 deve começar com a mesma taxa real de 2023.

“Isso não pode ser considerado normal. A taxa de juros brasileira vem sendo influenciada pela alta remuneração dos títulos do governo norte-americano, que impacta a economia mundial como se fosse uma placa tectônica que se desloca lá, reverberando em todo o planeta”, explicou.

A taxa de juros que o Tesouro dos EUA paga ao investidor está em seu maior nível desde 2006. Isso significa juros reais de cerca de 2,5%. Nos últimos dez anos, a taxa era próxima de 0%. O patamar está começando a cair só agora, o que facilita também a queda de juros no Brasil.

De acordo com Almeida, se o cenário de queda da inflação se confirmar, em algum momento o BC terá de acelerar a queda da Selic. Atualmente, a expectativa do mercado é encerrar 2024 com uma taxa de juros de 9% ao ano. “Se isso acontecer, será muito positivo”, pontuou.

Já o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro para o próximo ano dependerá da queda da Selic. Em 2023, o crescimento do primeiro semestre foi puxado pela supersafra do agronegócio. Em 2024, a expectativa é um avanço de 2% nesse resultado.

O economista-chefe do BTG Pactual destaca a questão fiscal como um debate delicado no momento. Ele não acredita em zerar o déficit do país, mas avisa que o mercado ficará bastante satisfeito se o déficit ficar na casa dos R$ 150 bilhões.

Para os próximos anos, o grande desafio do país é a qualidade da educação e a falta de mão de obra. “Será preciso que haja direito a creches e não podemos mais falar de investimentos sem incluir a educação”, assinalou. “A formação de mão de obra será o maior desafio do Brasil nos próximos dez anos porque a população está envelhecendo depressa”.

Promovida pelo Conselho Federal da OAB e pela seccional mineira da Ordem, a conferência tem como tema “Constituição, Democracia e Liberdades”. Até esta quarta-feira (29/11), serão 50 painéis com temas variados, especialmente sobre questões atuais do país. Ao longo do evento, a OAB estima receber cerca de 400 palestrantes e 20 mil profissionais.

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