PT pede que TSE investigue favorecimento de candidatura de Bolsonaro pela Record
11 de dezembro de 2018, 11h08
O PT entrou com nova ação pedindo a cassação da chapa do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL). A coligação apresentou, na segunda-feira (10/12), ação de investigação por uso indevido dos meios de comunicação. A legenda acusa a TV Record de ter dado tratamento privilegiado a Bolsonaro durante a campanha. O bispo Edir Macedo, dono da televisão, também é alvo da ação — durante a campanha, ele declarou apoio ao hoje presidente eleito.
"Tal postura é pública, notória e indene de dúvidas, restando evidenciada por meio de transmissões feitas no canal de televisão aberta Record, vídeos publicados na internet, matérias jornalísticas e foi, inclusive, objeto de minuciosa investigação por parte de relevantes meios de comunicação nacionais e internacionais", diz o texto levado ao Tribunal Superior Eleitoral, assinado pelo Aragão e Ferraro Advogados.
Segundo a petição, a exposição de Bolsonaro na Record foi desproporcional e ganhou destaque especial a partir de 29 de setembro, data em que Edir Macedo declarou apoio a Bolsonaro. Tanto o canal de TV aberta quanto o site R7 ofereceram mais espaço e de forma mais benéfica a ele, diz a defesa do PT.
A petição cita reportagens publicadas no site e veiculadas na TV, bem como a entrevista exibida no telejornal noturno no dia 4 de outubro, no mesmo horário em que a TV Globo apresentou um debate entre os candidatos — Bolsonaro não compareceu ao debate alegando motivos de saúde, mas a entrevista à Record foi ao vivo. PT, PSOL e MDB entraram com recurso no TSE para impedir a publicação da entrevista, mas todos os pedidos foram negados.
Os advogados do PT destacam ainda nota do Sindicato dos Jornalistas Profissionais de São Paulo que denunciou abusos praticados pela Rede Record. O texto da categoria afirma que a TV estava assediando profissionais para privilegiar a candidatura de Bolsonaro e exige o respeito à autonomia de apuração e edição dos jornalistas da empresa.
Somado a isso, continua a inicial, no dia 21 de outubro, no programa Domingo Espetacular, também da Record, foi veiculada uma matéria com informações e imagens exclusivas sobre o tratamento de saúde de Jair Bolsonaro após o episódio da facada ocorrido em Juiz de Fora (MG). A reportagem foi exibida no mesmo dia e horário em que aconteceria o debate entre Jair Bolsonaro e Fernando Haddad na Record, que Bolsonaro também não foi alegando motivos de saúde.
"Em momento decisivo da eleição presidencial de 2018, a Rede Record concedeu apenas ao candidato Jair Messias Bolsonaro mais de 40 minutos de entrevista exclusiva em sinal aberto", diz a peça. Para os advogados do PT, a postura da Record nas eleições foi fundamental para "influenciar o resultado do pleito".
O PT pede a instauração da Aije e que Bolsonaro apresente atestado médico ou outros documentos que apontem o estado de saúde em que se encontrava por ocasião das entrevistas na Record. Também pede que o Sindicato dos Jornalistas de São Paulo relate reunião com a Rede Record para tratar das pressões sofridas pelos jornalistas da empresa, além de cópia do dossiê entregue ao Ministério Público dos Direitos Humanos a respeito do tema. E pede que a Record apresente, entre outros, comprovação da audiência que alcançou com a veiculação de reportagens e entrevistas com o candidato do PSL.
Além disso, o PT pretende ainda que jornalistas de diferentes veículos, como da própria Record e de outros que tenham feito cobertura contrária à postura da emissora, sejam chamados a testemunhar, bem como Edir Macedo e integrantes da diretoria da Rede Record.
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