Fim do silêncio

Após três dias de bloqueios ilegais, Bolsonaro pede liberação de rodovias

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2 de novembro de 2022, 20h23

Pela primeira vez desde a eleição do último domingo (30/10), Jair Bolsonaro (PL) se dirigiu a seus apoiadores, que não aceitam o resultado das eleições e estão bloqueando estradas e causando prejuízos econômicos e sociais, para desautorizar esse tipo de manifestação.  

Alan Santos/PR
Bolsonaro se disse abatido com derrota e pediu para que militantes golpistas desbloqueiem as estradas pelo país

"Brasileiros que estão protestando em todo Brasil. Sei que estão chateados. Estão tristes. Eu também esperava outra coisa e eu também estou tão chateado e tão triste quanto você. Mas, precisamos colocar a cabeça no lugar. Os protestos, as manifestações são muito bem-vindas e fazem parte do jogo democrático. E ao longo dos anos muito disso foi feito pelo Brasil, pela Esplanada, pela Paulista, Copacabana. Mas tem algo que não é legal. O fechamento de rodovias pelo Brasil prejudica o direito de ir e vir das pessoas", afirmou.

Bolsonaro disse que o direito de ir e vir está previsto na Constituição e que é preciso ficar dentro das "quatro linhas" da Constituição, uma de suas expressões vazias favoritas. Também afirmou que os bloqueios estão prejudicando a economia do país. 

Bolsonaro adotou um tom mais ameno que o de seu primeiro pronunciamento após a derrota eleitoral. Ele também tentou desvincular sua atuação dos movimentos golpistas e afirmou que os militantes que estão bloqueando estradas estão agindo por conta própria. Por fim, defendeu a PRF, que tem tido uma atuação ineficaz na contenção dos bloqueios. 

Leia abaixo o pronunciamento na íntegra:

"Brasileiros que estão protestando em todo Brasil. Sei que estão chateados. Estão tristes. Eu também esperava outra coisa e eu também estou tão chateado e tão triste quanto você. Mas, precisamos colocar a cabeça no lugar. Os protestos, as manifestações são muito bem-vindas e fazem parte do jogo democrático. E ao longo dos anos muito disso foi feito pelo Brasil. Pela Esplanada, pela Paulista, Copacabana, mas tem algo que não é legal. O fechamento de rodovias pelo Brasil prejudica o direito de ir e vir das pessoas.

Está na nossa Constituição e sempre estivemos dentro das quatro linhas. Temos que respeitar o direito de outras pessoas que estão se movimentando além de trazer prejuízo a nossa economia. A economia tem sua importância, talvez vocês estão dando mais importância para outras coisas e é legítimo. Quero fazer um apelo a você: desobstrua as rodovias. Isso não faz parte do meu entender das manifestações legítimas. Não vamos perder a nossa legitimidade. Outras manifestações que estão fazendo pelo Brasil todo fazem parte do jogo democratico. Fiquem à vontade.

Deixo claro que vocês estão se manifestando espontaneamente. Colocamos a Polícia Rodoviária Federal desde o primeiro momento para desobstruir as rodovias pelo Brasil, mas são muitos pontos e as dificuldades são enormes. Prejuízo todo mundo está tendo com essas rodovias fechadas. O apelo que eu peço a você é que desobstruam as rodovias e protestem de outra forma. Em outros locais. Por favor, não pensem mal de mim. Eu quero o bem de vocês. Ao longo desse tempo todo à frente da presidência colaborei para o ressurgimento do sentimento patriótico. O amor à pátria, as nossas cores, a defesa da família, a liberdade… Não vamos jogar isso fora. Vamos fazer o que tem que ser feito. Estou com vocês. E tenho certeza que estão comigo. O pedido é rodovia. Vamos desobstruí-las para o bem da nossa nação e para que possamos continuar lutando por democracia e liberdade."

Procuradores querem investigar Bolsonaro por omissão
Um grupo de 186 procuradores da República de todo o país enviou manifestação ao procurador-geral da República, Augusto Aras, solicitando a abertura de um inquérito para investigar o presidente Jair Bolsonaro.

No documento, os procuradores defendem que a suposta omissão de Bolsonaro diante da onda de protestos que tentam deslegitimar o resultado da eleição e bloquearam rodovias pelo país deve ser apurada. 

"É inadmissível que qualquer autoridade, diante de uma escalada que quer suplantar a legitimidade do voto popular pela força e pela desordem, assista impassivelmente a esse cenário, sem qualquer consequência", diz trecho do documento.

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