Leia carta que cobra governo dos EUA sobre relação com a "lava jato"
8 de junho de 2021, 11h34
Citando reportagem da ConJur, um grupo de 20 parlamentares dos Estados Unidos enviaou uma carta cobrando o governo de seu país por mais transparência sobre as relações entre investigadores do Department of Justice (DoJ, o Departamento de Justiça norte-americano) e os procuradores da autoproclamada força-tarefa da "lava jato" no Brasil.
A situação agora é mais grave. Mesmo que já tenha saído do governo, Moro foi considerado incompetente para julgar o ex-presidente Lula pelo Supremo Tribunal Federal, que apontou que o ex-juiz passou por cima do devido processo legal.
Os signatários do documento apontam que não é segredo que os membros do DoJ ofereceram ajuda para procuradores brasileiros, e destacam a reunião, em 2015, na qual a "lava jato" inteirou os investigadores sobre temas sensíveis das apurações que estavam sendo levadas a cabo por aqui.
Assim, além das questões já levantadas em 2019, os parlamentares afirmam que estão "particularmente preocupados" com o fato de que "a aplicação de uma legislação que se propõe a combater a corrupção seja usada para fins que não são inteiramente consistentes com a democracia, com o rule of law, a Justiça igualitária e o devido processo — isso para não falar nos preceitos legais e constitucionais brasileiros".
Cooperação "informal"
Várias trocas de mensagens entre procuradores atestam que houve contatos fora dos canais oficiais para compartilhamento de informações sobre os processos brasileiros com as autoridades norte-americanas.
As conversas citam, por exemplo, uma reunião com representantes do DoJ e do FBI para troca de informações que os integrantes da "lava jato" estavam preocupados em esconder do governo brasileiro. Também apontam que essas reuniões e outras conversas "por fora" serviram para combinar a negociação de repasses do dinheiro das multas aplicadas às empresas nos EUA para a criação de um fundo bilionário no Brasil, a ser gerido pelos próprios membros do MPF.
O jornal francês Le Monde montou a cronologia das relações entre a "lava jato" e os investigadores dos Estados Unidos, explicitando de que forma os procuradores trabalharam em prol dos interesses dos americanos, que queriam neutralizar a ascensão geopolítica brasileira no cenário internacional.
No Brasil, o ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal, também já cobrou explicações do governo brasileiro sobre os contatos, perguntando se houve intermediação do Ministério da Justiça para os encontros entre a "lava jato" e investigadores internacionais.
Clique aqui para ler o documento (em inglês)
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