Diretor jurídico do Grupo Globo defende regulação de conteúdo nas redes
29 de novembro de 2023, 15h04
As plataformas de mídias sociais precisam ser responsabilizadas pelo conteúdo que publicam, e é necessário que tudo nelas seja transparente. Essa opinião é do diretor jurídico do Grupo Globo, Antônio Cláudio Ferreira Netto, para quem as plataformas não podem “tirar o corpo fora quando prejudicam a sociedade”.

Na visão de Ferreira Netto, o modelo de negócios das plataformas “busca o que há de pior em nós”, pois elas “sabem que o ódio cativa e dá lucro” e “os algoritmos servem para captar esse ódio”, Assim, “é preciso colocar um fim nisso, por meio da lei”.
Nesta terça-feira (28/11), ele participou do painel sobre Direito e cultura na 24ª Conferência Nacional da Advocacia. O evento está sendo promovido no Expominas, em Belo Horizonte.
No mesmo painel, a desembargadora Andréa Pachá, do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ), exaltou a literatura e disse: “Advogados deveriam ler muito. Não leem”. Para ela, “advogados mais literatos são os melhores, porque a literatura busca o humano e proporciona lições valiosas que podem ser aproveitadas nos processos, sem falar que quem lê muito domina a língua”.
O advogado e influenciador literário Pedro Pacífico afirmou que sua vida mudou a partir do momento em que começou a ler. “Advogado realmente lê pouca literatura”, confirmou. Segundo ele, a maioria dos leitores atualmente “quer leitura de utilidade, que traga resultados imediatos” e a literatura virou sinônimo de tempo perdido. “E não é! Pode-se aprender muito lendo bons livros”, concluiu.
A advogada Judith Martins-Costa, membro da Academia Brasileira de Letras Jurídicas, também enfatizou a importância da literatura. “Ler bons autores nos proporciona aprender a ver, a enxergar melhor os processos numa relação direta. Pelo texto literário, nós vemos o que o texto de Direito não nos permite ver.”
Marcus Vinicius Furtado Coêlho, presidente da Comissão Constitucional da OAB Nacional, sugeriu a criação de comissões de Direito e Literatura nas seccionais.
Alguns comunicadores também participaram do painel. O jornalista e apresentador Pedro Bial disse que jornalistas e advogados têm pontos em comum: “Ambos falamos pelo povo. Outro ponto: as carreiras atraem jovens cheios do idealismo de querer mudar o mundo. É verdade que nem sempre isso dura para sempre”.
Já o jornalista Merval Pereira, presidente da Academia Brasileira de Letras, destacou que “não há cultura sem democracia, assim como não há liberdade sem ela”. Ele contou que a ABL criou um programa para fazer a literatura chegar a todas as classes, colocando bibliotecas em conjuntos populares das periferias, em quilombos, em aldeias indígenas, em presídios e outros locais.
Promovida pelo Conselho Federal da OAB e pela seccional mineira da Ordem, a conferência tem como tema “Constituição, Democracia e Liberdades”. Até esta quarta-feira (29/11), serão 50 painéis com temas variados, especialmente sobre questões atuais do país. Ao longo do evento, a OAB estima receber cerca de 400 palestrantes e 20 mil profissionais.
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