Doações suspeitas

Tesoureiro do PT é alvo de nova denúncia da operação "lava jato"

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16 de março de 2015, 19h32

O tesoureiro nacional do PT, João Vaccari Neto, está na lista de novos acusados da operação “lava jato”. O Ministério Público Federal ofereceu denúncia nesta segunda-feira (16/3) contra 27 pessoas, incluindo o ex-diretor da Petrobras Renato Duque, que foi preso também nesta segunda no Rio de Janeiro.

A investigação envolvendo os dois nomes já era conhecida (Duque chegou a ser preso em 2014, enquanto Vaccari Neto foi chamado para depor em fevereiro deste ano), mas é a primeira vez que respondem a uma acusação formal. Segundo a denúncia, eles participaram de desvios em quatro obras da estatal: refinaria de Paulínia (Replan, em São Paulo); refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar, no Paraná); e os gasodutos Pilar-Ipojuca (região Nordeste) e Urucu-Coari (Norte).

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Acusação diz que Vaccari indicava contas do PT para depósitos de valores ilícitos.
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Segundo o MPF, doações oficiais tentaram disfarçar o recebimento de propinas, o que caracterizaria lavagem de dinheiro. A pedido de Renato Duque, ainda de acordo com a denúncia, foram feitas 24 doações ao PT entre outubro de 2008 e abril de 2010, totalizando R$ 4,26 milhões.

O MPF diz ainda que João Vaccari participava de reuniões com Duque e empresários e indicava as contas dos diretórios onde deveriam ser feitos os depósitos. Já o partido nega irregularidades nas doações.

O doleiro Alberto Youssef é acusado pela 11ª vez na “lava jato”, enquanto o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa responde a sua sétima Ação Penal. Também estão na denúncia o ex-gerente de serviços da estatal Pedro Barusco e executivos da OAS e da Toyo Setal.

Nova prisão
Renato de Souza Duque já havia sido preso em novembro de 2014, mas foi solto porque o ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal, considerou a medida irregular, baseada em mera presunção de fuga. A tese foi confirmada pela 2ª Turma da corte.

Ao fazer novo pedido de prisão, os procuradores que atuam no caso disseram que Duque estava movimentando dinheiro depositado em contas no exterior.  “Antes, havia apenas a suspeita. Agora, temos certeza”, afirmou o procurador da República Diogo Castor de Mattos.

Fim distante
A operação “lava jato” completa um ano na próxima terça-feira (17/3). Começou focada em doleiros que atuariam em suposto esquema de lavagem de dinheiro e evasão de divisas, e só depois foi parar em contratos da Petrobras.

Foram apresentadas até agora 20 Ações Penais e cinco ações de improbidade administrativa — mas quatro delas estão suspensas, como revelou a revista Consultor Jurídico. Ainda foram firmados 12 acordos de delação premiada.

O procurador da República Deltan Dallagnol, responsável pela força-tarefa do caso no Paraná, declarou nesta segunda que “a cada semana” são descobertos novos crimes, o que tem levado à continuidade das apurações. “Não estamos no fim. Nós não sabemos onde ela vai parar.” Com informações da Assessoria de Imprensa do MPF-PR.

Clique aqui para ler a íntegra da denúncia.

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