O 8 de Janeiro

O papel do movimento estudantil no 8 de Janeiro

Autores

9 de janeiro de 2024, 11h16

O 8 de janeiro passará a compor a memória nacional e as agendas de trabalho daqui em diante, é fato. Ontem, a democracia brasileira comemorou um ano de vitória sobre o que se pode chamar de o mais desafiador obstáculo político que enfrentou a Nova República. É certo que, decorrido este um ano, cada um dos que celebram essa vitória se lembra com clareza dos sentimentos e reações provocados por aquelas cenas perturbadoras.

Àqueles que se dedicam à vida política do país, à justiça social ou ao direito, qualquer que seja a forma, cumpre a difícil missão de analisar exaustivamente que fatores levaram àquele ataque alarmante e quais ferramentas permitiram a reação veemente que se viu em seguida. Essa será uma tarefa não apenas de agora, mas de muitos anos.

Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil

Parte do país ainda se encontrava em clima festivo pela posse do presidente Lula quando um grupo diminuto de opositores do novo governo, pretensos golpistas, ousou violar a sede dos Poderes constituídos e atacar cada um dos valiosos símbolos da soberania nacional e da democracia brasileira. É preciso destacar, e há um farto número de imagens produzidas nesse sentido, que naquele dia foram atacadas as mais diversas formas de brasilidade e tudo quanto foi encontrado de precioso para cultura do país. Objetivando humilhar um governo, acabaram por ofender a própria nação.

Decorrido este um ano, os Poderes da República seguem fortalecidos e atuantes, mostrando não só a força da vontade popular, expressa no voto e nas ruas, mas sobretudo a vocação democrática do povo brasileiro. Ao longo desse período, o que se viu foram múltiplos esforços de campos diversos no sentido de reconstituir, devagar, mas com solidez, a legitimidade democrática de um Estado tão maltratado.

Nesse sentido, se, por um lado, é público e notório o trabalho daqueles que se comprometeram com esse processo, por outro, reafirmamos que não há perdão para quem atenta contra a democracia e contra a vontade popular. Para essas pessoas, a História reserva o mais severo ostracismo político.

É bem verdade que essa não é uma luta acabada, mas contínua. É essa compreensão que deve nortear a atuação do campo democrático e popular da política. Para tanto, o movimento estudantil, ator determinante para a superação do fascismo e manutenção do Estado Democrático, segue e seguirá lutando para a construção do Brasil mais justo com que sonhamos. É dever de todo estudante, assim como de todo cidadão, unir-se ao espírito nacional de memória e de resistência política, expressando, uma vez mais e sempre, a grandeza de nossa cidadania.

Especialmente ao XI de Agosto, centro acadêmico da Faculdade de Direito da USP (Universidade de São Paulo), cabe a tarefa histórica de se manter vigilante e não faltar jamais ao país na luta pela justiça social e pela cidadania plena. Para os muitos desafios que ainda nos esperam e para as grandes questões nacionais a serem debatidas e aprimoradas, faz-se necessário sempre nos remetermos às experiências históricas como critério para a compreensão da realidade e rememorarmos a resposta irredutível das forças políticas ao golpe fracassado.

O XI de Agosto reafirma publicamente seu inegociável compromisso com a construção do Estado democrático de Direito, com o fortalecimento da luta por justiça social e com a construção do livre e pleno exercício da cidadania.

Para que não se esqueça, para que jamais aconteça. Golpe nunca mais! Estado democrático de Direito sempre!

Autores

Encontrou um erro? Avise nossa equipe!