O papel do movimento estudantil no 8 de Janeiro
9 de janeiro de 2024, 11h16
O 8 de janeiro passará a compor a memória nacional e as agendas de trabalho daqui em diante, é fato. Ontem, a democracia brasileira comemorou um ano de vitória sobre o que se pode chamar de o mais desafiador obstáculo político que enfrentou a Nova República. É certo que, decorrido este um ano, cada um dos que celebram essa vitória se lembra com clareza dos sentimentos e reações provocados por aquelas cenas perturbadoras.
Àqueles que se dedicam à vida política do país, à justiça social ou ao direito, qualquer que seja a forma, cumpre a difícil missão de analisar exaustivamente que fatores levaram àquele ataque alarmante e quais ferramentas permitiram a reação veemente que se viu em seguida. Essa será uma tarefa não apenas de agora, mas de muitos anos.

Parte do país ainda se encontrava em clima festivo pela posse do presidente Lula quando um grupo diminuto de opositores do novo governo, pretensos golpistas, ousou violar a sede dos Poderes constituídos e atacar cada um dos valiosos símbolos da soberania nacional e da democracia brasileira. É preciso destacar, e há um farto número de imagens produzidas nesse sentido, que naquele dia foram atacadas as mais diversas formas de brasilidade e tudo quanto foi encontrado de precioso para cultura do país. Objetivando humilhar um governo, acabaram por ofender a própria nação.
Decorrido este um ano, os Poderes da República seguem fortalecidos e atuantes, mostrando não só a força da vontade popular, expressa no voto e nas ruas, mas sobretudo a vocação democrática do povo brasileiro. Ao longo desse período, o que se viu foram múltiplos esforços de campos diversos no sentido de reconstituir, devagar, mas com solidez, a legitimidade democrática de um Estado tão maltratado.
Nesse sentido, se, por um lado, é público e notório o trabalho daqueles que se comprometeram com esse processo, por outro, reafirmamos que não há perdão para quem atenta contra a democracia e contra a vontade popular. Para essas pessoas, a História reserva o mais severo ostracismo político.
É bem verdade que essa não é uma luta acabada, mas contínua. É essa compreensão que deve nortear a atuação do campo democrático e popular da política. Para tanto, o movimento estudantil, ator determinante para a superação do fascismo e manutenção do Estado Democrático, segue e seguirá lutando para a construção do Brasil mais justo com que sonhamos. É dever de todo estudante, assim como de todo cidadão, unir-se ao espírito nacional de memória e de resistência política, expressando, uma vez mais e sempre, a grandeza de nossa cidadania.
Especialmente ao XI de Agosto, centro acadêmico da Faculdade de Direito da USP (Universidade de São Paulo), cabe a tarefa histórica de se manter vigilante e não faltar jamais ao país na luta pela justiça social e pela cidadania plena. Para os muitos desafios que ainda nos esperam e para as grandes questões nacionais a serem debatidas e aprimoradas, faz-se necessário sempre nos remetermos às experiências históricas como critério para a compreensão da realidade e rememorarmos a resposta irredutível das forças políticas ao golpe fracassado.
O XI de Agosto reafirma publicamente seu inegociável compromisso com a construção do Estado democrático de Direito, com o fortalecimento da luta por justiça social e com a construção do livre e pleno exercício da cidadania.
Para que não se esqueça, para que jamais aconteça. Golpe nunca mais! Estado democrático de Direito sempre!
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