ConJur, 25 anos

ConJur é referência para quem quiser conhecer o Direito brasileiro

Autor

  • Fernando Facury Scaff

    é professor titular de Direito Financeiro da Universidade de São Paulo (USP) advogado e sócio do escritório Silveira Athias Soriano de Mello Bentes Lobato & Scaff Advogados.

18 de julho de 2022, 14h07

A ConJur completa 25 anos neste mês de julho, entre jornalismo jurídico e crônica jurídica, que são dois conceitos que se assemelham, embora diferentes.

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O jornalismo jurídico é algo próprio de repórteres, que, com linguagem e técnicas jornalísticas, comentam um fato jurídico. A ConJur tem vários profissionais desenvolvendo essa atividade desde 1997, sempre sob a batuta do diretor de Redação, Márcio Chaer, e com uma valorosa equipe de editores: Emerson Voltare, Lilian Matsuura, Luiza Calegari e Mateus Silva Alves, sem contar alguns que os antecederam, que cito de memória, como Alessandro Cristo e Marcos de Vasconcelos.

A crônica jurídica tem outro perfil, pois é um comentário jurídico sobre específico assunto, expressa por articulistas fixos e avulsos. Por definição, crônica é um texto informativo apresentado sob o ponto de vista do autor, que usualmente o faz com análise crítica, e de mais leve e fácil apreensão do que um artigo científico, parecer ou livro jurídico sobre tema específico. É algo que fala diretamente ao leitor, com elementos do quotidiano e de forma a facilitar sua compreensão acerca de determinada matéria.

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Daí o acerto efetuado por Ruy Castro, em excelente crônica publicada na sua coluna na Folha de S.Paulo[1], ao relatar que Guimarães Rosa vivia dizendo a Fernando Sabino: "faça pirâmides, Fernando, não faça biscoitos". Usando a metáfora de Guimarães, crônicas jurídicas são biscoitos jurídicos para serem consumidos com leveza, no intervalo entre a leitura e a construção das pirâmides, que são os livros e compêndios para aprofundar o estudo da matéria jurídica.

Outro nome para tais crônicas poderia ser o de ensaios, como sugeriu Fábio Nusdeo na Apresentação de um livro que publiquei pela ConJur, reunindo algumas colunas[2].

Uma crônica jurídica é um instrumento excelente para a melhor compreensão dos complexos meandros do Direito, sendo possível ser utilizado como um texto de introdução à certas matérias, seja por leigos, seja por iniciantes, ou mesmo por profissionais qualificados, que buscam outro ponto de vista sobre determinado aspecto envolvendo certo assunto. Ou ainda por quem só quer se divertir, lendo algum tema sério sob um ponto de vista mais leve do que a forma sisuda com que são escritos os textos jurídicos.

Uma grande confusão ocorre quando os operadores do Direito fazem jornalismo e os jornalistas fazem crônicas jurídicas, como bem apontava Limongi França em suas aulas na Faculdade de Direito da USP. Não se vê isso na ConJur.

Estou entre aqueles que a ConJur destacou como um colaborador habitual, escrevendo em uma semana sobre direito financeiro, na coluna Contas a Vista, a qual hoje divido com Élida Graziane Pinto, e na outra semana sobre direito tributário, na coluna intitulada Justiça Tributária, a qual compartilho com Raul Haidar. Isso muito me honra, seja pela confiança da equipe da ConJur, pela companhia dos colegas, e pela atenção e comentários dos leitores. É extraordinário verificar o impacto em tempo real do que se escreve, através do próprio site, pois diversos leitores nele comentam sobre o que foi escrito — embora muitos prefiram enviar no privado, diretamente ao autor.

Estas colunas são um grão de areia que ajudaram a ConJur a chegar a esse ponto de qualidade e referência obrigatória em vários assuntos da atualidade jurídica, tendo sido publicados mais de 175 mil textos, entre notícias, artigos e entrevistas com grandes nomes do Direito, contendo um banco de dados com mais de 26 mil arquivos, entre decisões judiciais, petições e outros documentos oficiais, e cerca de 7 milhões de qualificados leitores a cada mês. Tudo isso influencia a tomada de decisões jurídicas, sendo citadas em julgados, inclusive os do Supremo Tribunal Federal, e auxiliando os profissionais do Direito em suas petições e pareceres, e os estudantes de Direito em seus trabalhos acadêmicos. Com isso, a ConJur tornou-se fonte de inestimável referência para quem quiser conhecer o Direito brasileiro.

E assim se passaram 25 anos da ConJur. Que venham outros 25.


[1] Jornal Folha de S.Paulo, 16 de julho de 2016.

[2] Crônicas de direito financeiro. Tributação, guerra fiscal e políticas públicas. São Paulo: Conjur Editorial, 2016.

Autores

  • é professor titular de Direito Financeiro da Universidade de São Paulo (USP), advogado e sócio do escritório Silveira, Athias, Soriano de Mello, Guimarães, Pinheiro & Scaff Advogados.

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