Incêndio, não homicídio

MP-RJ altera denúncia contra autor de atentado ao Porta dos Fundos

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17 de abril de 2022, 10h45

O Ministério Público do Rio de Janeiro, na última quarta-feira (13/4), alterou a denúncia contra o empresário e economista Eduardo Fauzi pelo ataque com coquetéis molotov à sede da produtora do grupo humorístico Porta dos Fundos, no Humaitá, Zona Sul do Rio de Janeiro, na véspera de Natal de 2019. Em vez de tentativa de homicídio, o réu agora é acusado do crime de causar incêndio.

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Atentado à produtora foi cometido após exibição de paródia audiovisual cristãDivulgação

A mudança ocorreu após a 3ª Vara Criminal da capital fluminense, que julga ações de competência do tribunal do júri, descartar a hipótese de crime doloso contra a vida e determinar a redistribuição do caso. A ação agora tramita na 35ª Vara Criminal do Rio. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Na primeira versão da denúncia, o MP-RJ alegou que Fauzi assumiu o risco de matar o vigilante do edifício, que estava na portaria no momento do ocorrido e podia ser visto pelo lado externo. O homem só não morreu porque teve pronta reação e conseguiu controlar o incêndio e fugir do imóvel.

O atentado teria sido motivado pela discordância com relação ao especial de Natal lançado naquele ano pelo Porta dos Fundos na plataforma de streaming Netflix. A produção mostrava uma versão homossexual de Jesus Cristo, com um namorado.

O empresário chegou a ser acusado de terrorismo, motivo pelo qual o processo migrou temporariamente para a Justiça Federal. No entanto, a ação foi devolvida à Justiça estadual por falta de indícios do crime.

Fauzi foi identificado como um dos cinco autores do atentado devido ao flagrante das câmeras de segurança, que o mostraram deixando o carro usado na fuga. Dias após o ataque, ele chegou a gravar e divulgar nas redes sociais um vídeo em que chamava os humoristas do Porta dos Fundos de "intolerantes" e "criminosos" contra a pátria e o povo brasileiro.

O economista deixou o Brasil cinco dias após o ataque e um dia antes da decretação de sua prisão. Ele entrou para a lista de foragidos internacionais da Interpol e foi detido em setembro de 2020 na Rússia. Fauzi foi extraditado em março deste ano e atualmente está detido no Rio.

Processo 0349733-87.2019.8.19.0001

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