Carta-bomba

OAB quer pedido de desculpas e responsabilização por atentado em 1980

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11 de setembro de 2015, 18h39

O presidente do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, Marcus Vinícius Furtado Coêlho, vai à Procuradoria-Geral da República e ao Ministério da Defesa cobrar providências sobre o atentado à sede da Ordem em 1980. À PGR pedirá que o sargento Magno Catarino, apontado como responsável, responda pelo crime. Ao Ministério da Defesa requererá um pedido de desculpas à família da vítima e à autarquia em nome do Estado.

A decisão de Coêlho foi tomada diante da divulgação do relatório da Comissão Estadual da Verdade do Rio de Janeiro segundo o qual o Centro de Inteligência do Exército foi o responsável pelo envio de uma carta-bomba à OAB. A vítima, fatal, foi a secretária Lyda Monteiro.

Conforme o relatório, Lyda Monteiro foi assassinada por agentes do Centro de Informação do Exército ao abrir uma carta-bomba que estava endereçada ao presidente da OAB. Com base em depoimentos de testemunhas, fotos e retratos-falados, a comissão identificou a participação do sargento Magno Cantarino Motta como o homem que entregou a bomba pessoalmente na sede da Ordem no Rio de Janeiro — ele está vivo e mora na capital fluminense, mas se recusou a prestar depoimento à comissão.

Marcus Vinicius Furtado Coêlho classificou a divulgação do relatório como “um encontro do Brasil com sua história” e relembrou que, apesar da tristeza do episódio, ele engajou a sociedade brasileira, que a partir então lutou de forma ainda mais contundente por uma nova Constituição.

“Os nossos filhos agora poderão ler por completo esse pesar passado do país e lembrar que jamais podemos admitir retorno a regimes de ditaduras. Nunca mais a voz única do autoritarismo. Queremos o respeito à pluralidade e à diferença, a convivência sem ódio e sem rancor. A intolerância não constrói uma nação justa e fraterna”, disse.

Para Coêlho, defender as garantias constitucionais é a melhor forma de homenagear a história de Lyda Monteiro e consolidar a democracia. “Para os males da democracia, apenas um remédio: mais democracia. A bomba, mesmo que dirigida ao presidente da OAB, foi lançada contra a sociedade brasileira, contra os valores democráticos e acabou por vitimar fisicamente dona Lyda Monteiro”, finalizou.

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