Jogo ilegal

Lewandowski é relator de investigação contra Demóstenes

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28 de março de 2012, 18h52

O ministro do Supremo Tribunal Federal Ricardo Lewandowski será o relator do pedido de abertura de inquérito contra o senador Demóstenes Torres (DEM-GO), suspeito de manter vínculos com Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira. O bicheiro é acusado de comandar quadrilha responsável por uma rede de jogos ilegais.

O registro, em escuta telefônica, de mais de 300 ligações entre o parlamentar e Cachoeira levaram o procurador-geral da República Roberto Gurgel a apresentar ao STF, nesta terça-feira (27/3), o pedido de diligência contra Demóstenes. Outros dois parlamentares, os deputados Sandes Júnior (PP-GO) e Carlos Alberto Leréia (PSDB-GO), também estão incluídos na representação encaminhada pelo procurador, todos citados em relatório da Polícia Federal, produzido em função da chamada operação Monte Carlo, que irrompeu em fevereiro, quando Cachoeira foi detido.

Ainda na tarde de terça-feira, Demóstenes Torres pediu afastamento da liderança do partido Democratas no Senado. Ele encaminhara uma carta-ofício ao presidente da legenda, senador José Agripino Maia (RN), justificando seu afastamento em razão da necessidade de acompanhar e responder às denúncias. As gravações, cujas transcrições estão incluídas no pedido de investigação apresentado ao STF, contém registros de telefonemas entre Demóstenes e Cachoeira. Em diversos telefonemas, o senador teria pedido dinheiro a Cachoeira em troca de fornecimento de informações oficiais e sigilosas.

Cabe agora a Lewandowski decidir se autoriza ou não a abertura de investigação contra o senador e os dois outros deputados, que também dispõem de foro privilegiado. De acordo com Gurgel, a justificativa para apresentar a representação se baseou após a análise do material decorrente de dez meses de interceptações telefônicas feitas pela PF. Na terça-feira, Demóstenes Torres, em pronunciamento no Senado, admitiu que mantém relações de amizade com Carlos Cachoeira embora tenha negado conhecimento ou participação em atividades ilícitas.

Nesta quarta-feira (28/3), antes da realização da sessão ordinária no STF, Ricardo Lewandowski declarou que recém havia recebido a solicitação.Acabei de recebê-la, neste minuto, vou examiná-la. Há uma série de pedidos de diligências que o procurador-geral da República fez e vou decidir com a maior celeridade possível”, disse Lewandowski ao ser interpelado por jornalistas.

“É um processo muito volumoso, envolve outros deputados federais e alguns que não têm foro especial por prerrogativa de função, e é um trabalho que tem de ser feito com muito cuidado e parcimônia”, explicou Lewandowski. “São pedidos de diligência e vou verificar quais são pertinentes e quais não são ao menos neste momento”, disse.

A defesa do senador Demóstenes Torres também compareceu ao Supremo na tarde desta quarta-feira para formalizar a solicitação de acesso aos documentos incluídos no pedido de investigação. Lewandowski informou que a defesa tem pleno direito de se inteirar do teor das acusações.

As transcrições das conversas telefônicas têm o sigilo garantido constitucionalmente. De acordo com o ministro, o pedido de investigação “contém documentos sigilosos”, embora o processo como um todo não tenha que tramitar necessariamente em sigilo.

Demóstenes Torres atuou como promotor de Justiça e como procurador-geral da Justiça em Goiás, tendo ocupado também o cargo de secretário da Justiça daquele estado. No Senado, era considerado o “homem da lei” da Casa, se destacando como um dos líderes da oposição ao se posicionar de forma enérgica e ferrenha contra casos de corrupção por membros do governo e dos partidos da base governista.

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