Com o placar registrando 56 votos a favor, 19 contra e cinco abstenções, o Senado aprovou nesta quarta-feira (11/7) a cassação do mandato do senador Demóstenes Torres. Assumirá o mandato de senador o primeiro suplente de Demóstenes, Wilder Pedro de Morais, que é ex-marido de Andressa Mendonça, atual mulher do empresário Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira.
Demóstenes foi condenado à perda de mandato pela acusação de ter se colocado a serviço da organização criminosa supostamente comandada por Cachoeira. O senador está, agora, inelegível até 2027.
Após a divulgação do resultado pelo painel do Senado, Demóstenes não esperou a proclamação pelo presidente do Senado, José Sarney. Ele se levantou, acompanhado de seu advogado, Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, e seguiu para elevador privativo que o levou até a saída do Senado.
Em seu discurso de defesa, Demóstenes Torres se disse vítima da imprensa e atacou o relator do seu processo no Conselho de Ética, senador Humberto Costa (PT-PE).
Demóstenes reclamou de ter sido chamado de "braço político" e de "despachante de luxo" de Carlinhos Cachoeira, acusado pela Polícia Federal de comandar uma organização criminosa com a participação de políticos e empresários. "Fui moído, triturado, achacado na minha dignidade", reclamou o senador. “Fui chamado de despachante de luxo, braço político. Como é que eu vou me defender disso, se é como acusar a mulher de vagabunda. Tudo que ela disser vão dizer que ela está equivocada.”
Segundo documento entregue no início da semana aos senadores pelos advogados de Demóstenes, a cassação abre “um precedente perigoso”. “Delegados, agentes de polícia e procuradores passarão a entabular estratégias com vistas a interceptar pessoas próximas a parlamentares. Amigos, assessores, familiares passarão a ser monitorados como um meio de gravar ‘fortuitamente’ parlamentares-alvos. A investigação policial será um instrumento de controle político, tal como ocorre em estados ditatoriais e totalitários”, afirma a defesa do senador.
O advogado Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, ocupou por 15 minutos a tribuna do Senado. Ele defendeu que Demóstenes foi alvo de uma campanha difamatória e que é acusado por gravações que foram feitas de forma ilegal pela Polícia Federal. Além disso, de acordo com o advogado, os vazamentos criminosos das gravações ocorreram com o objetivo de provocar um prejulgamento tanto na Justiça quanto no Senado.
"Estamos aqui para falar da vida de um senador que foi submetido a gravações ilegais", disse o advogado. “Foram três anos um senador da República gravado indevidamente, ilegalmente”, enfatizou. Kakay também defendeu que a vontade dos eleitores de Demóstenes deveria ser respeitada pelos senadores. "Mais de dois milhões de eleitores trouxeram para cá o senador Demóstenes Torres", disse o advogado.
Demóstenes negou ter mentido no plenário do Senado ao se defender das denúncias. "Eu não menti aqui. Eu tenho a conduta parlamentar impecável. Quantas vezes eu procurei um senador aqui para pedir qualquer favor para Carlinhos Cachoeira?", questionou Demóstenes. Ele defendeu também que mentir não é quebra de decoro. "Eu não menti, mas mentir não é quebra de decoro. Um senador não pode ser julgado pelo que fala na tribuna porque senão não sobra ninguém", atacou Demóstenes.
O senador disse, ainda, que está sendo visto como um "bode expiatório". “Querem me pegar porque vai ficar mal para a imagem do Senado", ressaltou Demóstenes. Com informações da Agência Brasil.
Clique aqui para assistir a sustentação oral do advogado de Demóstenes Torres.
Comentários de leitores
10 comentários
Politico cassado
Sargento Brasil (Policial Militar)
Na minha opinião, todo politio que trai a confiança que o povo lhe depositou atravez do voto, não deveria ter achance alguma de se candidatar e seu substituto não poderia ter máculas ou dúvidas sobre o caráter para assumir o cargo, caso conrário, estaremos trocando seis por meia dúzia. É hora de se fazer deste país um reduto de pessoas honestas e com vergonha na cara.
Ai, que dureza!...
Richard Smith (Consultor)
.
EU TAMBÉM ACREDITO! Assim como em Saci-Pererê, Boitatá e no Coelhinho da Páscoa!
.
Ora, meu caro Ubiratã: menos, menos...
.
O Senador não foi "espionado"! Ele foi PEGO no grampo que a justiça autorizou para o contraventor Carlinhos Cachoeira!. Em mais de 300 telefonemas, alguns dos quais bastante comprometedores!
.
Depois, ele foi julgado, políticamente, por quebra de decoro parlamentar, principalmente por ter MENTIDO aos seus pares, dizendo que não conhecia o aludido pilantra! entendeu? Tudo nos conformes, como no caso do "Pai-de-Pobres" paraguaio, o Lugo.
Por que só eu?
Julio Cesar Tavares de Oliveira (Jornalista)
56 condenaram, 19 "ABSORVERAM" esses não ABSOLVERAM, há uma enorme diferença e 5 abstiveran-se ou não compareceram. Aí é que mora o perigo, se o ex-senador acha que foi bode, neste caso, quem serão os CACHORROS COMEDORES DE OVELHAS? Lamentávelmente creio que a faxina ainda não acabou, mais cabeças rolarão! Viram a fisionomia do Sarnei, acima de qualquer suspeita! Pois é o POVO não tem memória. Cada Jesus Cristo tem o Pilatos que merece. Foi mais fácil lavar as mãos. Como anda o Mensalão? Isso é o Brasil, houve uma época que o suicídio resolvia e comovia. Hoje passa um tempo e eles voltam, lembram do Collor e do Maluf, este último logo estará no poder e com o apoio de um ex-presidente, quem viver verá.
Comentários encerrados em 19/07/2012.
A seção de comentários de cada texto é encerrada 7 dias após a data da sua publicação.