Começar de novo

Polícia Federal refaz inquérito que levou Dantas à prisão

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10 de novembro de 2008, 20h21

A Polícia Federal está refazendo todo o inquérito relativo à operação Satiagraha, que causou a prisão do banqueiro Daniel Dantas. A informação foi dada nesta segunda-feira (10/11) pelo ministro da Justiça, Tarso Genro, durante visita à sede da instituição, no Rio de Janeiro (RJ).

Segundo o ministro, o trabalho é refeito em sigilo por uma equipe de delegados, agentes e peritos, com o auxílio do Ministério Público, para evitar possíveis irregularidades que acabem causando a nulidade do processo criminal. Tarso Genro tentou atenuar o impacto de que a investigação, de fato, é sobre o comportamento do delegado. A investigação é conduzida pela Corregedoria da PF.

O inquérito original foi instaurado pelo delegado Protógenes Queiroz, que acabou sendo afastado do caso. “Eu não o estou prejulgando, mas está sendo feito um trabalho técnico, profundo e sério, vinculado aos maiores padrões técnicos e tecnológicos. Está se investigando para ver se no trabalho do delegado Protógenes houve erros, equívocos, ou ilegalidade”, disse o ministro.

O criminalista Celso Sanchez Vilardi, do escritório Vilardi & Advogados Associados, explica que provas colhidas ilegalmente, por exemplo, podem causar a anulação do julgamento em 1º grau pelo Tribunal de Justiça, a pedido da defesa.

Investigação da investigação

A Superintendência da Polícia Federal em Brasília negou, nesta segunda-feira (10/11) que o delegado Protógenes Queiroz vá ser indiciado no inquérito policial que investiga o vazamento de informações durante as investigações da Polícia Federal sobre as atividades do banqueiro Daniel Dantas. Segundo informações da Agência Brasil, citando a assessoria de imprensa da Polícia Federal, o delegado Amaro Viera Ferreira, da Corregedoria da PF, ainda não relatou o inquérito e que por essa razão ainda não é possível indiciar nenhuma pessoa.

Reportagem do jornal O Globo, desta segunda-feira afirma que Protógenes será indiciado ainda esta semana pelos crimes de quebra de sigilo funcional, desobediência, usurpação de função pública, prevaricação, grampos e filmagens clandestinas. O jornal também afirma que o delegado pode responder pelo uso de agentes da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) sem conhecimento de seus superiores e de ter informado com antecedência a uma emissora de TV e a outros policiais os nomes das pessoas que seriam presas durante a Operação Satiagraha.

Das suspeitas que pesam sobre Protógenes, a mais crítica é a de que ele tenha aceitado ajuda da iniciativa privada para investigar Daniel Dantas — sob o pretexto de que o comando da PF não lhe deu apoio suficiente. A Corregedoria da PF concluiu que o delegado conduziu a operação de fora das instalações da Polícia Federal. Quer-se saber agora onde e com quem Protógenes estava.

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