Carapuça serviu

Inquérito contra secretário de Lula por críticas a lavajatistas é arquivado

Autor

29 de agosto de 2023, 20h13

A 8ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro aceitou o pedido de arquivamento, feito pelo Ministério Público Federal, de inquérito contra o secretário Nacional do Consumidor, Wadih Damous, por críticas a lavajatistas. A decisão é do último dia 23.

Agência Brasil
Wadih Damous não citou
procuradora ao criticar lavajatistas
Agência Brasil

Em fevereiro do ano passado, Damous questionou os desejos de procuradores da "lava jato" no Twitter. "Uma procuradora queria atirar na cabeça do Lula; Dallagnol queria arrancar essa mesma cabeça; uma outra procuradora disse que teria orgasmos; o mesmo Dallagnol disse que teria tesão na denúncia. Atiradores, esquartejadores e tarados! Que gente esquisita essa da lava jato!", escreveu o advogado.

A procuradora Lívia Nascimento Tinoco apresentou representação contra Damous alegando que ele praticou os crimes de injúria e difamação contra ela. Com isso, a Polícia Federal instaurou inquérito para apurar o cometimento dos delitos.

Lívia Tinoco apareceu em mensagens com procuradores da "lava jato" parafraseando uma fala do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Pouco antes de ser preso, em 7 de abril de 2018, Lula disse: "Fico imaginando o tesão da Veja colocando a capa comigo preso. Eu fico imaginando o tesão da Globo colocando a minha fotografia preso. Eles vão ter orgasmos múltiplos".

Ela, então, escreveu em um grupo com procuradores: "TRF, Moro, Lava Jato e Globo tem um sonho: que Lula não seja candidato em 2018 (…) E o outro sonho de consumo deles é ter uma fotografia dele preso para terem um orgasmo múltiplo, para ter tesão" — os diálogos são reproduzidos em sua grafia original.

"Língua felina! Tomou umas no churras e ainda não passou. Bebeu nada. Tá espertão. Disse que vai cumprir o mandado. Sim. Vai se entregar. Falando que não tem mais idade para pedir asilo", prosseguiu, em referência ao discurso do petista.

A defesa de Damous, comandada pelo advogado Fernando Augusto Fernandes, sustentou que ele não mencionou Lívia Tinoco na sua publicação no Twitter.

"Não há como se aventar a ocorrência de crime contra honra de pessoa que não foi nem mesmo mencionada na declaração, pois isso denota uma absoluta impossibilidade de qualquer tipo de ferimento à honra objetiva da suposta vítima, uma vez que os demais destinatários da mensagem sequer poderiam identificar a presença ou não do nome dela ali", argumentou Fernandes.

O MPF concordou com a defesa e pediu o arquivamento do inquérito. Em parecer, o procurador Orlando Monteiro Espíndola da Cunha declarou que as afirmações de Damous não configuram crime.

"Sendo assim, considerando que no caso em apreço o investigado utilizou o termo 'procuradora' de forma genérica, sem realizar qualquer menção ao nome da procuradora Lívia Nascimento Tinoco e diante da impossibilidade de se realizar ilações de que a publicação tenha sido direcionada a ela, não vislumbro qualquer fato que demonstre a existência de prática delituosa consubstanciada em ofensa à honra, seja ela objetiva ou subjetiva", avaliou Cunha.

IPL 5068066-40.2021.4.02.5101

Autores

Tags:

Encontrou um erro? Avise nossa equipe!