Clima de decisão

Nas eleições de 3ª (8/11) nos EUA, a luta principal é pelo controle do Congresso

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6 de novembro de 2022, 10h46

Os eleitores dos EUA vão às urnas nesta terça-feira (8/11) para concluir as chamadas “midterm elections” (porque elas ocorrem na metade do mandato de quatro anos do presidente) — eleições que começaram há algumas semanas com a votação antecipada e o voto pelo correio. Eles vão escolher candidatos para muitos cargos federais, estaduais e municipais. Mas o que vai mais pesar no futuro do país serão as eleições que irão definir o controle do Congresso.

US Capitol
Nas eleições de 3ª (8/11) nos EUA, a luta principal é pelo controle do Congresso
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Estão em disputa todos os 435 cargos para deputado federal e 35 de senadores. Para o Senado federal, está prevista a renovação de um terço dos 100 senadores (34 desta vez) e mais uma eleição especial para ocupar o cargo de um senador que vai se aposentar em janeiro e ainda tinha quatro dos seis anos de mandato pela frente — nos EUA, os senadores têm mandato de seis anos.

Assim se completa a disputa por 35 cadeiras no Senado, das quais estão em jogo 14 ocupadas, no momento, por senadores democratas e 21 por senadores republicanos. Atualmente, o Partido Democrata tem o controle do Congresso. O partido tem 220 deputados federais, enquanto o Partido Republicano tem 212. E três cadeiras estão vagas.

No Senado, o Partido Republicano tem 50 senadores, enquanto o Partido Democrata tem 48, mas conta com os votos de dois senadores independentes, o que estabelece um empate em votações importantes. No entanto, a vice-presidente Kamala Harris, que acumula o cargo de presidente do Senado, tem o voto de minerva.

Comentaristas políticos preveem que uma vitória apertada dos republicanos é possível, porque, tradicionalmente, o partido de oposição ganha as eleições de midterm — a razão seria a de que, frequentemente, o que mais incomoda os eleitores independentes (e os indecisos) são a economia, a infração e o emprego, que nem sempre vão tão bem em governo algum.

No entanto, ninguém apostaria conscientemente na vitória de um ou outro partido no Senado e na Câmara dos Deputados, se as pesquisas eleitorais forem um indicador confiável. No Senado, por exemplo, há 10 vagas (das 35) em disputa, em que a diferença das declarações de voto para um ou outro partido é menor que a margem de erro das pesquisas.

Em seis estados (Arizona, Georgia, Nevada, New Hampshire, Pensilvânia, Wisconsin), as eleições para o Senado estão tão apertadas, que os institutos de pesquisa as definem como “toss up” (que significa: se quiser saber quem vai ganhar, escolha entre cara ou coroa jogue e a moeda para o alto).

Em dois estados (Colorado e Washington), os democratas têm um ligeiro favoritismo; em outros dois (Carolina do Norte e Ohio), o ligeiro favoritismo é dos republicanos. Em três estados, os democratas são favoritos; em cinco estados, os republicanos são favoritos — mas vitórias de qualquer dos dois partidos não são certas. Tem-se como favas contadas vitórias dos democratas em 11 estados e dos republicanos em 13.

Enfim, está difícil apostar em quem vai ganhar o Senado ou a Câmara. Para ganhar o Senado, os republicanos precisam manter as 50 cadeiras que têm atualmente e tomar uma cadeira dos democratas. Para ter a maioria na Câmara dos Deputados, os republicanos precisam ganhar seis cadeiras (as três cadeiras que estão vagas e tomar três cadeiras dos democratas) — e, é claro, manter o número de cadeiras que têm atualmente.

Consequências da eleição
Se os democratas mantiverem a maioria no Senado e na Câmara, tudo continua como está: vencem todas as votações que dependem de maioria simples (51 votos) e perdem todas que dependem de dois terços dos senadores – a não ser que consigam o apoio de 17 senadores republicanos em uma votação ou outra.

Se os republicanos recuperarem o Senado, que perderam em 2020, o governo Biden terá dificuldades para aprovar projetos de lei, irão usar as comissões para investigar o governo e, sobretudo, terá muita dificuldade para obter a confirmação de juízes que indicar para a Suprema Corte e para tribunais federias de primeira e segunda instância, conforme as vagas surgirem.

Se os republicanos conquistarem a maioria na Câmara, eles irão, como prometem os líderes do partido, infernizar o governo Biden. Prometem investigar uma suposta politização do Departamento de Justiça e do FBI, o filho do presidente Hunter Biden, a crise na fronteira e até mesmo a origem da Covid-19 . E irão abrir processo de impeachment do presidente Biden (sem ainda saber bem com base em que), para se vingarem dos dois impeachments do ex-presidente Donald Trump.

Outros cargos em disputa
Nas eleições de midterm ainda serão escolhidos 34 governadores dos 50 estados dos EUA com mandato de quatro anos e governadores de dois estados (Vermont e New Hampshire) que terão mandatos de dois anos. Também haverá eleições para deputados e senadores estaduais, para prefeitos, para ministros de tribunais superiores (onde são eleitos) e de iniciativas dos cidadãos.

Nas eleições estaduais, o cargo mais importante em disputa é o de secretário de estado, porque eles são responsáveis pelo processo eleitoral e pela certificação do candidato vencedor da eleição presidencial (a próxima, em 2024), bem como o de procurador-geral do estado, que poderá mover ações para contestar resultados das eleições.

Pelo menos em três estados (Nevada, Michigan e Arizona), os candidatos republicanos a secretário de estado são políticos que negaram a legitimidade da eleição presidencial de 2020. São adeptos da popularizada “grande mentira” (big lie), frequentemente anunciada pelo ex-presidente Donald Trump, de que tais eleições foram fraudadas e que, na verdade, ele foi o vencedor.

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