Diversidade religiosa

Sistemas carcerário e socioeducativo devem garantir liberdade de crença

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3 de novembro de 2021, 21h36

Com o objetivo de garantir a liberdade de crença nas unidades de privação e restrição de liberdade, o Conselho Nacional de Justiça aprovou recomendação para que varas de execução criminal e de execução de medidas socioeducativas garantam assistência religiosa em todos esses estabelecimentos. A iniciativa, que visa ao fortalecimento da liberdade de crença, foi referendada por unanimidade pelo plenário do conselho.

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Ascom SeturSistemas carcerário e socioeducativo devem garantir liberdade de crença, diz CNJ

A norma observa que deve ser respeitada a diversidade religiosa em suas mais diferentes matrizes e ressalta que o mesmo procedimento se aplica a quem se abstém de quaisquer atividades de cunho religioso. Caberá aos tribunais, juízes e juízas com competência para a execução criminal e para a execução das medidas socioeducativas a adoção de procedimentos que assegurem o cumprimento da recomendação.

O texto também alcança os Grupos de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário e Socioeducativo dos tribunais (GMFs) e estabelece que eles devem atuar em cooperação com as secretarias de Estado responsáveis pela gestão penitenciária e socioeducativa. O objetivo é a harmonização dos procedimentos e rotinas administrativas.

Em seu voto, o conselheiro Mário Guerreiro, relator do ato normativo, apontou que foram identificadas dificuldades para o ingresso de algumas congregações religiosas em estabelecimentos prisionais. Ele destacou que o Departamento de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário e do Sistema de Execução de Medidas Socioeducativas (DMF/CNJ) obteve relatos de pessoa privada de liberdade sobre arbitrariedades por parte da direção de uma unidade prisional, com suposta censura a títulos de livros e imposição de determinada matriz religiosa no que diz respeito ao acesso à leitura.

Adolescentes
A recomendação dedica atenção especial para adolescentes que estejam sob a custódia do Estado. Além de tratados internacionais dos quais o Brasil é signatário, o conselheiro observou que o dever das entidades que desenvolvem programas de internação de propiciar assistência religiosa aos integrantes desse grupo que assim desejarem está previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei 8.069/1990) e no Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (Lei 12.594/2012).

Ao defender a aprovação da medida, Guerreiro afirmou que, apesar de todo o esforço normativo já desenvolvido, ainda não foram estabelecidos, em âmbito nacional, princípios e regras gerais sobre o tema. "Essa Recomendação estabelece parâmetros para a operacionalização da assistência e diversidade religiosa no sistema socioeducativo", disse.

Ação estruturada
A aprovação da recomendação integra as ações estratégicas da gestão Luiz Fux para incidir em desafios no campo de privação de liberdade, o que ocorre por meio do programa Fazendo Justiça. Trata-se da segunda fase de parceria iniciada pelo CNJ ainda em 2019 com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento e apoio do Ministério da Justiça e Segurança Pública, com 28 ações simultâneas.

Na ação "Diversidade na Assistência e Enfrentamento à Intolerância Religiosa em Unidades de Privação de Liberdade", além da normativa aprovada, estão previstas publicação de informações e atividades formativas assegurando a diversidade religiosa e enfrentamento à intolerância religiosa em unidades de privação de liberdade. A ação prevê o envolvimento de diferentes instâncias federativas. Com informações da assessoria de imprensa do CNJ.

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