TJ-PR aumenta pena por utilização de cilindro de UTI para barril de chope
3 de fevereiro de 2020, 13h54
O município de Luiziana, no noroeste do Paraná, deverá pagar indenização à família de uma mulher que sofreu um infarto por negligência do Estado. A vítima morreu por falta de oxigenação. O motivo: o único cilindro portátil da Unidade de Saúde da cidade estava na casa do então prefeito, José Claudio Pol (MDB), sendo utilizado para bombear chope durante uma festa de ano novo.
A decisão foi tomada pela 2ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Paraná. De início, havia sido fixado o valor de R$ 20 mil a cada filho da mulher, a título de indenização. O município interpôs recurso contra a sentença e o TR-PR decidiu aumentar o valor de reparação de R$ 20 mil para R$ 80 mil para cada filho.
Em primeira instância, a Justiça considerou "negligente" a conduta do ex-prefeito de Luiziana. "Não pairam dúvidas que a ausência de oxigênio no transporte da mãe dos autores […], que era imprescindível a ela naquele momento, reduziu a chance de sobrevivência", afirmou a Justiça, na ocasião.
Em segundo grau, de acordo com o jornal o Estado de S. Paulo, os desembargadores consideraram que "a gravidade de conduta, com a ampla divulgação dos fatos à coletividade, inclusive diante das postagens de fotografias em redes sociais do cilindro de oxigênio nas festividades, exige uma reprimenda maior, por aumentar o abalo psicológico dos autores". O relator do caso foi o desembargador José Joaquim Guimarães da Costa.
De acordo com ele, o ex-prefeito "não teve nenhuma consideração pelos direitos que deveria zelar". O desembargador também destacou a "sensação de impotência e descrédito" dos filhos da vítima.
O caso ocorreu durante o ano novo de 2012 para 2013, data em que terminou o mandato do prefeito. Após o episódio, o Ministério Público do Paraná ajuizou uma ação civil pública por improbidade administrativa contra o político.
De acordo com a denúncia, a mulher morreu por "falência múltipla de órgãos e choque cardiogênico". O MP também afirma que o pretexto utilizado para remover o cilindro da UBS foi que o equipamento seria usado por um parente do então prefeito.
Ao G1, Pol afirmou que um amigo alugou o cilindro em Maringá. "Nós temos como comprovar que alugamos esse equipamento. Temos extrato do carão de crédito, e a empresa está puxando as notas fiscais que ficaram registradas no computador", disse.
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