Vazamento de conversas

Deltan queria acelerar ações contra Jaques Wagner e sugeriu "busca simbólica"

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29 de junho de 2019, 11h28

Depois que o petista Jaques Wagner foi eleito senador pela Bahia, em outubro de 2018, o procurador Deltan Dallagnol sugeriu aos colegas da força-tarefa da "lava jato" que acelerassem as investigações contra o político. Dallagnol até insinuou a realização de buscas e apreensões em endereços ligados a Jaques Wagner "por questões simbólicas".

As informações foram divulgadas na coluna da jornalista Mônica Bergamo, no jornal Folha de São Paulo, em mais uma divulgação de conversas entre procuradores da "lava jato" no aplicativo Telegram. O material foi obtido pelo site The Intercept Brasil e vem sendo divulgado aos poucos desde o início de junho.

Divulgação/Ascom PR-SP
Divulgação/Ascom PR-SPDallagnol queria acelerar investigações contra Jaques Wagner antes que o petista tomasse posse como senador

A conversa sobre Jaques Wagner teria ocorrido no dia 24 de outubro de 2018. Dallagnol perguntou aos colegas: "caros, Jaques Wagner evoluiu? É agora ou nunca… Temos alguma chance?". O procurador Athayde Ribeiro Costa respondeu que os primeiros pedidos de quebra de sigilo do petista foram negados pela Justiça, mas a força-tarefa ia "pedir reconsideração".

"Isso é urgentíssimo", rebateu Dallagnol, ressaltando que o Ministério Público Federal só poderia fazer buscas em endereços ligados a Jaques Wagner antes da posse como senador, o que aconteceu em fevereiro deste ano. Uma procuradora alertou Dallagnol que o petista já tinha sido alvo de buscas e que novos mandados talvez não fossem necessários.

Mas Dallagnol insistiu. "Acho que, se tivermos outra coisa pra denúncia, vale outra busca e apreensão até por questões simbólicas. Mas temos que ter um caso forte", afirmou. Athayde respondeu que seria "mais fácil" se Jaques Wagner aparecesse "forte" em outra investigação da "lava jato". "Isso seria bom demais", concluiu Dallagnol.

Em nota, o MPF afirmou que "a investigação, o pedido, a decisão e a execução de buscas e apreensões demandam semanas ou meses, o que torna indigna de credibilidade a suposta mensagem".

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