Reconhecimento de fraude em balanço da Petrobras pode gerar direito de recesso
23 de janeiro de 2015, 18h27
A Petrobras divulgou nesta sexta-feira (23/1) nota em que admite que as perdas e “consequente revisão de seu ativo imobilizado”, em função dos desdobramentos da operação “lava-jato” podem refletir nos resultados do 3º trimestre de 2014. A divulgação do balanço está prevista para semana que vem.

Como já decidido no Tribunal de Justiça de São Paulo, o risco faz parte do resultado das aplicações financeiras, e se dá quando, por exemplo, o mercado consumir menos petróleo, ou não achar petróleo em um poço — são problemas decorrentes da atividade empresarial. Nesses casos, não há como responsabilizar a empresa. Mas, a fraude não constitui risco do aplicador e, por analogia, pode gerar a responsabilidade da estatal.
A questão foi analisada recentemente no caso do bilionário golpe de Bernard Madoff, que aplicava o dinheiro de investidores em um esquema de pirâmide financeira. Em agosto do ano passado, o TJ-SP condenou o Itaú Unibanco por indicar uma investidora ao fundo Madoff. Como fundamento, a 22ª Câmara de Direito Privado do tribunal afirmou que o risco faz parte do resultado das aplicações financeiras, mas a fraude não constitui risco do aplicador e sim "clara e objetiva desídia e negligência de quem deve orientar a aplicação financeira".
Comparando tal entendimento com o que acontece na Petrobras, fontes consultadas pela ConJur afirmam que, se as perdas fizerem parte do balanço, os investidores poderão pedir o valor investido no momento da compra, com correção monetária e juros de 1% ao mês.
A nota da estatal foi divulgada depois de o jornal O Globo publicar notícia informando que, na divulgação do balanço do 3º trimestre, a Petrobras poderá relatar perdas de R$ 10 bilhões relacionadas a casos de corrupção. A estatal não confirmou os valores citados.
Leia a nota de esclarecimento da Petrobras:
Em relação à matéria publicada nesta sexta-feira sob o título “Petrobras deverá ter perdas por corrupção de R$ 10 bilhões em balanço”, a Petrobras esclarece que, conforme já informado ao mercado, em função dos desdobramentos da Operação Lava-Jato, está realizando as análises necessárias para o fechamento e divulgação das demonstrações contábeis do 3º trimestre de 2014, incluindo a avaliação individual de ativos e projetos cuja constituição se deu por meio de contratos de fornecimento de bens e serviços firmados com empresas citadas na Operação Lava-Jato, o que poderá resultar no reconhecimento de perdas e consequente revisão de seu ativo imobilizado a serem refletidas nos resultados do 3º trimestre de 2014.
Em relação aos cortes de investimentos para 2015, também conforme já divulgado, a Companhia reitera que está revisando seu planejamento para o ano de 2015, implementando uma série de ações voltadas para a preservação do caixa, de forma a viabilizar seus investimentos sem a necessidade de efetuar novas captações. Tais medidas incluem a antecipação de recebíveis, a redução do ritmo dos investimentos em projetos, a revisão de estratégias de preços de produtos e a redução de custos operacionais em atividades ainda não alcançadas pelos programas estruturantes.
No entanto, o valor do referido ajuste assim como o percentual de corte nos investimentos ainda estão sendo analisados, portanto, a Petrobras não confirma os valores citados na matéria.
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