“Métodos clássicos”

Novo advogado de empresário descarta delação na “lava jato”

Autor

16 de janeiro de 2015, 19h37

Ao assumir a defesa do empresário Fernando Soares, acusado de ter intermediado propina em contratos da Petrobras, o criminalista Nelio Machado declarou que seguirá os “métodos clássicos” da advocacia, sem aceitar acordos de delação premiada. Com severas críticas ao andamento de processos ligados à operação “lava jato”, ele alega que o Ministério Público Federal tem forçado colaborações, que acabam sendo consideradas como verdade.

“O MPF deveria atuar como fiscal da lei, não constranger pessoas e pedir prisões para pressionar acordos. Delações devem ser atos voluntários e não servem como única prova. Quem aceita sempre pode suprimir algo para melhorar sua imagem”, afirmou à revista Consultor Jurídico. “Nos meus mais de 40 anos de profissão, sigo o catecismo de que advogado não pode abdicar de direitos”, disse ele, em alusão a acordos que impedem réus de apresentar recursos a instâncias superiores, por exemplo.

José Cruz/ABr
Machado (foto) define ainda a prisão preventiva de seu cliente como “desnecessária” e planeja na próxima semana apresentar pedido de Habeas Corpus. Fernando Soares está preso na carceragem da Polícia Federal em Curitiba desde novembro. Outras tentativas de HC já foram negadas.

Ex-defensor público da Justiça Militar Federal, ex-conselheiro federal da OAB e autor de livros sobre processo legal, Nelio Machado é o mais novo criminalista de renome a entrar na “lava jato”. Nomes como Alberto Zacharias Toron, Arnaldo Malheiros Filho, Celso Vilardi, José Luis Oliveira Lima e Marcelo Leonardo já defendem réus, fazendo pontes aéreas recorrentes à capital do Paraná.

Sondas sob suspeita
Fernando Soares, conhecido como Baiano, é acusado de ter recebido propina do empresário Julio Gerin de Camargo, que seria destinada ao ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró. O crime, segundo o MPF, ocorreu em contratos da estatal para a compra de sondas para perfuração marítima. Camargo, que aceitou a delação, admitiu o pagamento de US$ 30 milhões a Fernando.

Machado diz que seu cliente não cometeu crime ou praticou atividades lícitas. Segundo o antigo advogado de Soares, Mário de Oliveira Filho, ele comandava duas empresas especializadas em “detectar” negócios e intermediar a relação entre companhias, sem “relação íntima” com diretores da Petrobras.

Autores

Tags:

Encontrou um erro? Avise nossa equipe!