Segunda etapa

Começa interrogatórios dos réus no caso Ceci Cunha

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17 de janeiro de 2012, 6h01

O julgamento do caso Ceci Cunha, que teve início nesta segunda-feira (16/1), no prédio-sede da Justiça Federal em Alagoas, no bairro do Farol, em Maceió, pode terminar antes do previsto. O adiantamento é esperado porque a primeira etapa do processo — oitiva das testemunhas de defesa e de acusação — terminou antes do previsto, já que houve dispensa de algumas testemunhas, assim como a ausência de outras por motivo de saúde.

A segunda fase do julgamento prevista para esta terça-feira  (17/1) — o interrogatório dos cinco réus — começou ainda nesta segunda. Respondem ao processo o ex-deputado Talvane Albuquerque, acusado de ser o mandante do crime, e quatro assessores apontados de atuarem como executores: Jadielson Barbosa da Silva, Alécio César Alves Vasco, José Alexandre dos Santos e Mendonça Medeiros da Silva. Todos respondem ao processo em liberdade.

A deputada foi morta em dezembro de 1998 pouco depois de ser diplomada no cargo. Ela visitava a irmã, que havia acabado de ter um bebê. De acordo com
o Ministério Público, o crime teve motivação política, pois o primeiro suplente da vaga, o ex-deputado Talvane Albuquerque, queria ocupar o posto na Câmara dos Deputados para retardar o julgamento de outros processos a que respondia na Justiça. Ele nega todas as acusações.

O juiz André Granja exibiu reportagem do Fantástico, da TV Globo, em que há a reconstituição do crime, apresentando-a à testemunha de acusação Claudinete dos Santos Maranhão. Na oportunidade, quando o juiz autorizou as perguntas pelos advogados de defesa dos réus — entre, eles, o então suplente de Ceci, Talvane Albuquerque, apontado como o autor intelectual do crime —, a testemunha se emocionou quando indagada sobre se lembraria quantos policiais se deslocaram para a residência da deputada após a chacina.

A pergunta chegou a revoltar pessoas no auditório, motivo pelo qual o juiz teve de solicitar silênio. Em resposta, a testemunha, às lágrimas, disse não recordar. "Você [advogado] acha que eu me preocuparia com isso? As pessoas estavam imóveis, aparentemente mortas, e eu só pensava em ligar para meu irmão Cícero para pedir socorro", alegou Claudinete.

Ao juiz, ela ainda afirmou recordar que o crime ocorreu cerca de 15 minutos depois de a deputada chegar à residência. "Fiquei a três metros de um dos assassinos, o Jadielson", reforçou a testemunha, que ficou internada por três dias em um hospital particular da cidade, devido ao ferimento que sofrera com a investida criminosa.

Ainda indagada pelos advogados de acusação, Claudinete revelou que viu, pela primeira vez, a foto do acusado em um jornal da época, constatando que se tratava do Jadielson. O advogado Welton Roberto ainda perguntou à testemunha se a mesma recordaria a distância da varanda da casa, local do crime, para o quarto onde se escondeu para sobreviver.

Claudinete respondeu que a distância era de cerca de seis metros, esclarecendo, contudo, que o quarto para o qual se deslocou não foi o mesmo onde estivera Ceci, que visitou a filha recém-nascida de Claudinete, antes de morrer.

"A polícia demorou demais para chegar. Passaram-se cerca de 30 minutos. A ambulância também demorou, mas não sei precisar quem chegou primeiro. Não me recordo se outra pessoa alheia à residência lá esteve. Recordo-me, no entanto, que os vizinhos saíram para ver o que ocorreu", emendou a testemunha.

Ainda com a palavra, o advogado Welton Roberto levantou questionamento acerca da forma com a qual a testemunha teria realizado o reconhecimento de um dos acusados, já que Claudinete teria dito não haver como fazê-lo apenas pelos olhos. "Mas visualizei o Jadielson de frente. E eu não seria irresponsável em apontar alguém sem ter certeza", pontuou a testemunha.

O julgamento começou por volta das 10h30, com a escolha dos sete jurados. O grupo é formado apenas por homens, já que os advogados de defesa dos réus
descartaram todas as mulheres selecionadas. Houve intervalo para almoço, que durou meia hora, e o julgamento seguiu durante toda a tarde, com novo
intervalo para jantar por volta das 20h. A sessão deve continuar até a meia-noite, e ser retomada novamente por volta das 10h de amanhã.

O auditório com 330 lugares ficou lotado, e foi preciso montar um esquema de transmissão por telão para cerca de 150 pessoas que ficaram do lado de fora.
Os parentes dos acusados e das vítimas foram colocados em lados opostos da sala para evitar conflitos e o auditório contou com um forte esquema de
segurança. A transmissão da sessão ao vivo pela internet registrou uma média de 700 espectadores.  Com informações da Gazeta de Alagoas e da Agência Brasil.

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