Acusador acusado

Advogados pedem que Deic seja fechado

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27 de março de 2009, 14h29

Recurso ajuizado nesta quarta-feira (25/3), na 4ª Vara Criminal de Guarulhos , na Grande São Paulo, pede que o prédio em que funciona o Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) da Polícia Civil de São Paulo seja fechado. Pede também que policiais sejam mandados de volta para a Academia de Polícia Civil. O recurso pede ainda a nulidade das acusações feitas por policiais do Deic contra Alcione Rosa Ferreira, já que os acusadores estão envolvidos num dos maiores escândalos da recente crônica policial paulistana.

Alcione Rosa Ferreira, que opera com seu pai um serviço de guincho em São Paulo, foi preso em flagrante de receptação e ficou oito meses na prisão. Em outubro de 2008, foi solto por decisão do juiz Rodrigo Capez, por falta de provas. O Ministério Público recorreu contra a libertação do acusado. Os advogados César Rodriguez, Rodrigo Palomares Domingos, Alexsander Almeida Rodrigues Maia e Janaina Maria Rodrigues Rosa também recorreram, alegando fatos novos. Sustentam que os policiais que acusaram Alcione devem ser “reciclados” e o prédio do Deic desativado.

Ferreira foi acusado pelo policial Ariovaldo Soares Grubl de ter sido o receptador de chips de computador avaliados em R$ 15 milhões. O depoimento de Grubl e o flagrante, que os advogados dizem ter sido forjado, são os principais elementos de prova contra Alcione Rosa Ferreira na denúncia contra ele levada à justiça pela promotora Miriam Fuga Borges.

No recurso, a defesa de Ferreira sustenta que Grubl e outros policiais que o acusaram estão envolvidos no suposto esquema de compra de cargos e pagamento de propinas na Polícia Civil de São Paulo, comandado pelo ex-secretário-adjunto de Segurança, Lauro Malheiros Neto e que levou à renúncia do titular da pasta, Ronaldo Marzagão.

A Corregedoria da Policia Civil e o Ministério Público Estadual estão revendo Processos Administrativos (PAs) fraudulentos, em que policiais são acusados de comprar sentenças para serem absolvidos ou reintegrados. Cinco inquéritos policiais foram instaurados para apurar as denúncias. O caso envolve denúncias de corrupção na Secretaria de Segurança Pública, suposta venda de cargos na policia e cobrança de propinas de policiais para absolvê-los em Processos Administrativos.

Policiais foram acusados pelo investigador Augusto Pena de terem pago R$ 100 mil cada um para que tivessem a demissão a bem do serviço público anulada. O policial Ariovaldo Soares Grubl é um dos acusados de fazer parte do esquema.

A defesa alega que as provas testemunhais contra eles foram prestadas por policiais metidos no escândalo que não têm credibilidade. “Essas pessoas que acusaram Alcione foram dotadas de credibilidade pela mídia, mas estão envolvidas em processos administrativos”, diz o advogado Cezar Rodrigues. “E o prédio do Deic não tem mais função social: o prédio precisa ser fechado para ser reaberto coma dignidade retomada”, postula Rodrigues.

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