Em casa

MPF diz que TJ-ES emprega parentes de 17 desembargadores

Autor

15 de dezembro de 2008, 11h31

Dos 24 desembargadores do Tribunal de Justiça do Espírito Santo, 17 têm parentes de primeiro grau trabalhando na Corte. O levantamento foi feito pelo Ministério Público Federal nas investigações da operação batizada pela Polícia Federal como Naufrágio. As informações são do jornal Folha de S.Paulo.

Na operação, foram presos o então presidente do TJ-ES, Frederico Guilherme Pimentel, e outras seis pessoas — entre elas os desembargadores Elpídio José Duque e Josenider Varejão Tavares. Todos suspeitos de participar de um esquema de venda de decisões judiciais.

Os juízes presos estão na lista do Ministério Público que mapeou as “relações de parentesco e afinidade” encontradas no TJ. Dois dos três magistrados presos têm mais de um filho trabalhando no TJ capixaba, em cargos comissionados ou posições que precisam de aprovação em concurso público.

Os investigadores dizem ter encontrado, ao analisar escutas feitas com autorização judicial, indícios de fraudes em concursos da Justiça para beneficiar parentes dos juízes.

No diagrama desenhado pelo Ministério Público, é possível contar 69 pessoas que ocupam cargos no TJ-ES e possuem algum laço familiar com 17 desembargadores. A relação, segundo a Procuradoria, está sujeita a “verificações adicionais”.

No caso de Frederico Pimentel, por exemplo, quatro filhos, a mulher e um enteado atuam na Corte. De acordo com o Ministério Público, Frederico Pimentel Filho, também preso, é juiz da Vara da Fazenda Pública; Larissa Pimentel Cortes (filha), secretária da 4ª Câmara Cível; e Dione Schaider Pimentel (filha) e Roberta Schaider Pimentel (filha), escreventes juramentadas que trabalham na presidência do tribunal.

Sua mulher, Luiza Schaider Pimentel, é coordenadora da Associação Justiça Social e o enteado Paulo Roberto Schaider, oficial de Justiça. Além deles, pelo menos outros onze funcionários possuem algum parentesco com o presidente afastado do tribunal.

Em relação a Elpídio Duque, o MP listou o filho Roney Guerra Duque (juiz de Direito), a filha Kenya Guerra Duque e a sobrinha Dulce Luiza Sathler Veiga — ambas lotadas no seu gabinete.

No caso de Josenider Tavares, o diagrama inclui a filha Christina Cola Tavares (“escrevente à disposição do TJ/Gabinete do pai”) e a sobrinha Marcela Barcellos Tavares Marcheschi, lotada na 3ª Câmara.

O Ministério Público ressalvou que nem todos os funcionários relacionados no diagrama participaram necessariamente dos crimes imputados aos magistrados.

Tags:

Encontrou um erro? Avise nossa equipe!