Maoístas na cadeia

Ex-ministros do Camboja são presos por crimes contra humanidade

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12 de novembro de 2007, 20h21

Os ex-ministros do Camboja, Ieng Sary (Relações Exteriores) e Ieng Thirit (Assuntos Sociais), foram presos por crimes contra a humanidade, nesta segunda-feira (12/11) em Phnom Penh. Os dois, que são marido e mulher, eram mandatários do regime do Khmer Vermelho (1975-1979).

O anúncio foi feito pelo tribunal da ONU e repercutido pelas agências de notícias internacionais. A corte especial criada para julgar os crimes contra a humanidade cometidos no Camboja julgará os líderes vivos do grupo maoísta liderado pelo ditador Pol Pot. “Ieng Sary e Ieng Thirith foram detidos em execução a uma ordem assinada pelos juízes de instrução”, afirma um comunicado da corte. Sary responderá por crimes contra a humanidade e crimes de guerra e Thirith, por crimes contra a humanidade.

Ien Sary, que teria 78 anos, era a face pública e uma das principais autoridades do regime de Pol Pot. O Khmer Vermelho espalhou o terror no Camboja de 1975 a 1979, esvaziou as cidades, impôs o trabalho forçado e eliminou sistematicamente todas as pessoas suspeitas de oposição. Dois milhões de pessoas morreram durante este sombrio período da história cambojana. O Khmer Vermelho foi derrubado após uma invasão vietnamita.

Já Ieng Thirith, que tem cerca de 75 anos, era considerada uma forte influência no regime de Pol Pot. Membros do tribunal acompanharam a detenção, que mobilizou dezenas de policiais. A prisão demorou três horas. A imprensa não pôde ser aproximar.

Desde julho, Sary e Thirith eram citados como integrantes de uma lista de pelo menos cinco suspeitos que poderiam ser julgados pelo tribunal. Criada em julho de 2006, a corte especial já processou dois ex-dirigentes do Khmer Vermelho (Kaing Guek Eav, conhecido como Douch, e Nuon Chea).

O quinto suspeito ainda não foi identificado formalmente. Mas, provavelmente será Khieu Samphan, 76 anos, que foi chefe de Estado durante o regime do Khmer Vermelho. As autoridades iniciaram uma corrida contra o tempo para o início dos julgamentos, previstos para 2008, por causa da idade avançada dos dirigentes da ditadura. A prisão do tribunal em oito celas, quatro médicos, cinco enfermeiras e uma ambulância.

Douch, ex-comandante do centro de torturas de Tuol Sleng, tem 65 anos. Nuon Chea, ex-número dois do Khmer Vermelho, tem 82 anos e já foi examinado várias vezes desde que foi preso.

Após a queda do regime maoísta, enquanto alguns de seus companheiros prosseguiam com uma rebelião no noroeste do Camboja, Ieng Sary desertou e passou para o lado do governo em 1996, o que permitiu que recebesse um perdão após uma primeira condenação à revelia durante a ocupação vietnamita.

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