Preço da liberdade

Fundadores da Igreja Renascer são soltos após pagar fiança

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9 de janeiro de 2007, 21h43

Os fundadores da Igreja Renascer em Cristo, Estevam e Sônia Hernandes, foram liberados pelo FBI após pagarem fiança no valor de US$ 100 mil, segundo informações do consulado americano. Ele foram presos na madrugada desta terça-feira (9/1), pela Polícia de Imigração no Aeroporto Internacional de Miami, nos Estados Unidos, por tentar entrar no país com US$ 56, 5 mil em dinheiro vivo.

Ao chegar à Flórida, o casal declarou na alfândega que levava US$ 10 mil, limite permitido pela lei americana — mas foi descoberto ao ser chamado para abrir as malas. Durante revista na bagagem, os policiais encontraram notas espalhadas por bolsos, fundos falsos e até US$ 9 mil escondidos dentro de uma Bíblia, segundo publica o portal Estadão.

Em interrogatório feito ainda no aeroporto, Estevam Hernandes assumiu a culpa, por tentar entrar no país com US$ 56, 5 mil em dinheiro vivo e disse que sua mulher não sabia do conteúdo das malas. Ele chegou a ser detido, por falsificação de documento público, mas foi liberado após pagamento da fiança. Sônia Hernandes foi liberada horas depois de ser ouvida.

A prisão de Estevam e Sônia Hernandes fora do país deve complicar a situação do casal também diante da Justiça brasileira. O Estado apurou que promotores do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) usaram ofício encaminhado pela polícia americana ao Ministério Público de São Paulo detalhando a ocorrência para pedir, mais uma vez, a prisão preventiva do casal ao juiz titular da 1ª Vara Criminal de São Paulo, Paulo Antônio Rossi.

Os promotores alegam que a prisão mostra que mesmo estando com bens e contas bancárias bloqueados desde setembro do ano passado — por decisão do juiz da 1ª Vara Criminal, o casal continua praticando crimes de lavagem de dinheiro e evasão de divisas e pode fugir do país. O juiz Antonio Paulo Rossi deve decidir nos próximos dias se acata o pedido do Ministério Público.

Os Hernandes embarcaram para Miami na noite de segunda-feira, às 23h25, no vôo JJ 8100. Ao chegar à Florida, às 4h30, chamaram a atenção da polícia americana porque estão marcados com o “alerta azul”, lista do FBI formada por pessoas que não são impedidas de viajar, mas respondem a processos acompanhados pela polícia americana. O FBI já trabalhava em conjunto com os promotores brasileiros nas investigações para rastrear o dinheiro arrecadado pelos bispos entre fiéis da Igreja Renascer.

O advogado dos Hernandes, Luiz Flávio Borges D’Urso, também presidente da OAB paulista, afirma que a prisão foi um engano. “Eles chegaram a Miami com os dois filhos e três netos. Esqueceram de fazer uma declaração para cada um e fizeram apenas três. Então foram impedidos de entrar no país”, diz.

A prisão nos Estados Unidos dos criadores da segunda maior denominação neopentecostal brasileira em número de templos — são mais de 1.500, espalhados pelo Brasil e outros seis países — aconteceu 2 dias depois que eles conseguiram no Superior Tribunal de Justiça uma liminar em Habeas Corpus que lhes garantiu o direito de responder em liberdade ao processo a que respondem por lavagem de dinheiro, falsidade ideológica e estelionato.

A liminar cassou prisão preventiva decretada pela 1 ª Vara de Justiça Criminal porque o casal faltou a uma audiência do processo, em novembro. Durante 23 dias, até conseguir a liminar, os bispos ficaram foragidos e foram procurados por equipes do departamento de capturas da Polícia Civil em três Estados brasileiros e em Miami.

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