A força do destino

Mulher pode ter matado coronel Ubiratan, diz procuradora

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12 de setembro de 2006, 21h51

“Parece uma ironia do destino, mas um homem que enfrentou tantos embates durante a vida profissional, que participou de um dos episódios mais marcantes do sistema penitenciário, e que tinha muitos inimigos, possa ter morrido nas mãos de uma mulher em que ele confiava ou que pelo menos, que não tinha razões para temê-la”. A opinião é da procuradora de Justiça em São Paulo, Luiza Nagib Eluf, que estudou por muitos anos o crime passional e escreveu um livro sobre o tema, chamado Paixão no banco dos réus.

O coronel da Polícia Militar Ubiratan Guimarães, que comandou o Massacre do Carandiru e era deputado estadual pelo PTB, foi encontrado morto, com um tiro no abdômen, em seu apartamento, no bairro dos Jardins, em São Paulo no domingo (11/9).

Segundo a procuradora, pelo que foi apurado até o momento tudo faz crer que foi uma pessoa próxima que o matou, já que não há sinais de arrombamento no apartamento e nem vestígios de luta. “Há vários indícios de situação de intimidade entre a vítima e o assassino. A polícia encontrou também sêmen, o que traduz uma situação de intimidade.”

Crime passional

Nos estudos de Luiza sobre o crime passional, a procuradora diz que a pessoa que comete o crime movida pela paixão tem um perfil característico. “Que paixão é essa que leva a pessoa a eliminar o objeto de desejo e comete a maior de todas as traições? Ela tem uma conduta extremamente egoísta, possessiva, egocentrada e vingativa. Não se pode querer obrigar alguém a ser fiel. A única fidelidade que existe é espontânea, não pode ser exigida como obrigação, por um dever, um compromisso.”

A advogada Carla Ceppolina, 40, namorada do coronel, foi a última pessoa a ser vista em sua companhia na noite de sábado. Em depoimentos informais a policiais do Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa, na segunda e na terça-feira (12/9), ela negou a autoria do crime. Admitiu apenas que discutiu com o namorado no sábado, por causa do telefonema de uma mulher que ele recebeu

Um perito que trabalha no caso revelou, nesta terça-feira, que o tiro que matou Ubiratan Guimarães partiu de uma arma calibre 38, o que reforça a possibilidade de que ele tenha sido baleado com uma de suas próprias armas. Ele guardava em casa sete armas, inclusive um revólver 38. A polícia não tem suspeitos para o disparo.

Fragmentos do crime

Ubiratan foi morto quando estava sozinho em casa. Segundo o delegado-geral Marco Antônio Desgualdo, “as primeiras pistas não indicam envolvimento do PCC. A porta de trás do apartamento estava aberta”, disse.

O coronel foi deixado em casa pelo motorista no sábado à noite. Ele não tinha agenda de campanha no domingo, mas os assessores estranharam a falta de contato, já que ele costumava telefonar mesmo nos dias em que não tinha compromisso.

No fim da tarde, dois assessores foram ao apartamento e encontraram seu corpo caído, aparentemente com um tiro na barriga. No início da noite, o corpo apresentava rigidez cadavérica, o que indica que a morte ocorreu pelo menos 12 horas antes. A perícia do cadáver começou a ser feita por volta da meia-noite da segunda-feira (11/9).

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