Encontro ilegal

PF chama reportagem da Veja de leviana e fantasiosa

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15 de outubro de 2006, 14h33

A Superintendência da Polícia Federal em São Paulo divulgou um comunicado neste final de semana contestando a reportagem “Um enigma chamado Freud”, da última edição da revista Veja. A PF afirma que a versão publicada é leviana e fantasiosa. Nela, noticia-se que integrantes da PF facilitaram um encontro ilegal entre os petistas Freud Godoy e Gedimar Passos, para acertar os depoimentos dos dois e proteger o presidente Lula.

Gedimar Passos e Valdebran Pereira foram presos dia 18 de setembro com R$ 1,75 milhões. O dinheiro seria usado para a compra de um dossiê com documentos e imagens para envolver os tucanos José Serra e Geraldo Alckmin na máfia dos sanguessugas. Em seu primeiro depoimento, Gedimar acusou Freud Godoy, ex-assessor especial do presidente Lula, de ser o mandante da compra.

Na reportagem contestada pela PF, a revista descreve uma “operação abafa” para blindar o presidente Lula, comandada pelo ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos, que fez Gedimar recuar e dizer que Freud não tem nada a ver com a negociata. Para convencer Gedimar, segundo a revista, a PF autorizou uma visita de Freud a Gedimar, fora do horário regular e sem registro de autorização.

A revista também acusa o ministro da Justiça de ter telefonado para o superintendente da PF, Geraldo José Araújo, logo após a prisão de Gedimar para perguntar: “Isso respinga no presidente?”. A publicação se baseia no relato escrito de três delegados da corporação, cujos nomes não são citados na reportagem.

Segundo a PF, não é verdade que o superintendente tenha recebido telefonema de Márcio Thomaz Bastos. “Tal fato nunca ocorreu”. De acordo com o comunicado, “o texto da página 49 da citada revista apresenta relatos inverídicos e imprecisos e se baseia em manifestação anônima, supostamente escrita por ‘três delegados de polícia federal’, conduta que, se verdadeira, se mostra incompatível com o exercício da função policial.”

“Apesar de alertada sobre a total improcedência das ilações, inclusive diante de provas documentais, a revista Veja optou por tentar criar fatos para sustentar sua versão fantasiosa.”

Leia o comunicado

Em referência à matéria publicada pela Revista Veja na edição de 18 de outubro de 2006, intitulada “Um enigma chamado Freud”, a Polícia Federal em SP vem a público dizer serem levianas e fantasiosas as informações que acusam a instituição da prática de graves ilegalidades, autorizando um encontro entre os personagens citados na matéria com o Sr. Gedimar Passos, custodiado, à época dos fatos, na carceragem da Superintendência Regional da PF em SP.

O texto da página 49 da citada revista apresenta relatos inverídicos e imprecisos e se baseia em manifestação anônima, supostamente escrita por “três delegados de polícia federal”, conduta que, se verdadeira, se mostra incompatível com o exercício da função policial.

Os presos, Gedimar e Valdebran, foram retirados da custódia por volta de 20 horas do dia 18 de setembro com destino à cidade de Cuiabá/MT. Antes, o Sr. Gedimar havia saído da cela unicamente para a realização da acareação, retornando às 17 horas. Tudo registrado em livro a que a citada revista teve amplo acesso.

Além disso, o Agente Federal Herculano não realiza plantão na carceragem da PF em SP, mas sim, chefia o referido núcleo, encerrando seu expediente diariamente às 18 horas. Não era, pois, o plantonista no dia 18.

Ressalte-se que o Sr. Freud Godoy apresentou-se espontaneamente na tarde do dia 18.09 (14 horas e 30 minutos), foi acareado com o Sr. Gedimar Passos por volta de 16 horas e 30 minutos e após deixou as dependências da PF em SP, sob a cobertura da imprensa nacional, não mais retornando ao prédio.

Igualmente mentirosa é a versão que o Superintendente da PF em SP, Delegado Geraldo José de Araújo, teria recebido telefonema do Exmo. Sr. Ministro da Justiça, indagando-o sobre eventual “respingo no presidente”. Tal fato nunca ocorreu.

Observe-se que o APF Herculano realmente foi procurado por uma repórter da revista, contudo em todo o diálogo desmentiu categoricamente as afirmações da jornalista. Apresenta-se leviana, pois, a ilação da reportagem que assevera não ter o interlocutor confirmado nem desmentido os fatos.

Apesar de alertada sobre a total improcedência das ilações, inclusive diante de provas documentais, a revista Veja optou por tentar criar fatos para sustentar sua versão fantasiosa.

O Departamento de Polícia Federal não pratica e não admite a prática de ilegalidade, constituindo-se em “Polícia de Estado”, voltada unicamente ao combate à criminalidade e à garantia da ordem pública e da segurança da sociedade brasileira e atua com o firme propósito de esclarecimento de todos os fatos apurados no desdobramento das ações relacionadas à Operação Sanguessuga.

Superintendência Regional da Polícia Federal em São Paulo

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