Mirimi revisitada

Comissão julga indenização para filha de Alexandre Baumgarten

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13 de fevereiro de 2006, 9h44

A Comissão Especial de Mortos e Desaparecidos Políticos, do Ministério da Justiça, vai dedicar os próximos três meses de trabalhos para limpar a pauta de julgamentos e iniciar a montagem de seu relatório final.

Desde que começou a funcionar, em janeiro de 1996, ela já deu parecer em 532 processos, deferindo 347 solicitações. Já houve casos em que a indenização chegou a R$ 2 milhões. Estima-se que o custo total de indenizações com a anistia política possa chegar a R$ 10 bilhões.

A próxima reunião do grupo, que ocorrerá de 20 a 23 de março, em Brasília, pode ser polêmica. Entre os casos que serão examinados está o de Fernanda Baumgarten, filha de Alexandre von Baumgarten, jornalista ligado aos órgãos de informação e que se tornou dono da revista O Cruzeiro.

Fernanda quer reparo financeiro pela morte do pai. Protocolado em 10 de dezembro de 2002, o pedido está nas mãos do coronel João Fagundes, representante do Ministério da Defesa na comissão. Embora o militar nada comente a respeito, considera-se remota a possibilidade de sinal verde para o pleito.

O argumento maior contra a liberação está na lei 9.140/95, que criou a comissão. O texto diz que tem direito à indenização quem, por motivações políticas, foi assassinado em dependências militares ou assemelhadas.

Como se sabe, Baumgarten desapareceu na Praça XV, no Centro do Rio de Janeiro, em 13 de outubro de 1982, quando teria sido seqüestrado, antes de sair para um passeio de barco com sua mulher, Janette Hansen, e o piloto Manoel Valente Pires.

O episódio teve grande repercussão, pois Cláudio Werner Polila, bailarino que estaria no local na madrugada do crime, apontou o general Newton Cruz, três anos depois, como o homem que comandou a ação, batizada de “Operação Dragão”.

Três desaparecidos

Responsável pela coordenação dos trabalhos, o advogado Augustino Pedro Veith estima que em junho a sociedade conhecerá o relatório final da comissão. Adianta que paralelamente aos julgamentos dos 29 processos restantes, ocorrerão pesquisas na Bahia e em Minas Gerais, na tentativa de se identificar ossadas de mais vítimas da ditadura militar. Até aqui, em que pese o esforço do grupo, apenas três mortos pelo regime foram encontrados, entre eles, o de Flávio Carvalho Molina, enterrado no cemitério de Perus.

Mas há novas esperanças. Em encontro esta semana com Veith, o novo ministro da Secretaria de Direitos Humanos, Paulo Vanucci, informou que o governo federal vai atender um velho pleito da comissão.

Ainda este ano será criado um banco de DNA com dados de todos os familiares de desaparecidos e mortos políticos ainda vivos para que tais registros possam ser usados no futuro, a cada oportunidade de se identificar restos das vítimas do regime. Por medida de segurança, o arquivo ficará em três locais distintos, em Brasília.

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