A Justiça como ela é

Caso dos irmãos Naves é o maior erro do Judiciário, diz juiz.

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14 de fevereiro de 2004, 8h28

O filme “Caso dos Irmãos Naves” foi exibido, no Clube Alto de Pinheiros, em São Paulo, na noite de sexta-feira (13/2). O longa brasileiro — assistido por estudantes e advogados — foi comentado por José Tadeu Picollo Zanoni, juiz da 1ª Vara Cível Central de São Paulo.

A história narrada no filme é real e aconteceu em 1937, na cidade de Araguari (MG). Benedito Pereira Caetano teria fugido com dinheiro equivalente a uma safra de arroz. Os irmãos Joaquim e Sebastião Naves, sócios e primos do fugitivo, denunciaram o caso à Polícia. Os irmãos, então, passaram a ser acusados de latrocínio.

Durante meses, eles foram torturados e acabaram confessando um crime que não cometeram. Ambos foram condenados pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais e cumpriram pena de oito anos. Até que, em 1952, Caetano reapareceu vivo.

Segundo o juiz, o filme deve ser visto por jurados pela lição de moral e também pelo público em geral “porque mostra a justiça brasileira como ela realmente é”.

“Estamos acostumados aos julgamentos americanos por causa do cinema. O filme é bom porque mostra o júri dentro da nossa realidade. Além disso, mostra bem o lado do advogado”, disse Zanoni.

Para ele, o caso é “o maior erro do Judiciário do país”. Segundo o juiz, atualmente, essa cena não se repetiria jamais. “Para haver latrocínio, é necessário a presença de um corpo. No caso em questão, a polícia não encontrou o corpo. Sem isso não há crime. Não imagino um processo como esse nos dias de hoje”, afirmou.

De acordo com o juiz, não há estatísticas de quantos erros judiciários acontecem por ano no Brasil.

O filme tem o roteiro de Jean-Claude Bernardet e direção de Luís Sérgio Person. Os atores do longa são Anselmo Duarte, Juca de Oliveira e Raul Cortez. “Caso dos Irmãos Naves” foi considerado o melhor filme quando houve o lançamento. Em 1972, fez sucesso em Nova Iorque.

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