Dia de confusão

Repórter e juiz acusado de matar a mulher vão parar na Delegacia

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22 de agosto de 2002, 17h06

Os cinco anos de morte da professora Marlene Aparecida de Moraes Tavares foram marcados por confusão em Jacareí (SP), nesta quinta-feira (22/8). O juiz Marco Antônio Tavares, acusado pela morte da mulher, e o repórter da Rede TV, Marcelo Bittencourt de Almeida, foram parar no 2º Distrito Policial de Jacareí. O repórter tentou entrevistar o juiz em sua casa e não conseguiu. A fita da Rede TV foi apreendida pela Polícia.

De acordo com o delegado Antônio Sérgio Pereira, o juiz alegou que não queria ser incomodado em sua casa e, por isso, jogou um jato de água no repórter e na sua equipe. O jornalista argumentou que apenas cumpria sua função. Na delegacia foi lavrado um termo circunstanciado de injúria real.

A advogada Tânia Lis Tizzoni Nogueira, que representa o juiz, informou que ele possui duas liminares que proibem a divulgação de sua imagem nos meios de comunicação.

O juiz deverá ser julgado pelo crime de homicídio no próximo mês no Tribunal de Justiça de São Paulo. A procuradora de Justiça, Valderez Abbud, informou que o Ministério Público de São Paulo vai pedir a pena de 18 anos em regime integralmente fechado.

Nos autos, o juiz defende a tese de que a mulher não está morta e teria sido vista no Nordeste e na Alemanha. O MP rejeita a alegação. “Temos provas suficientes de que o corpo encontrado era o da professora”, disse a procuradora. Valderez afirma que as impressões digitais de Marlene foram destruídas para que ela não fosse reconhecida.

Tânia afirma que a polícia foi negligente ao não ter solicitado o assessoramento da Delegacia de Homicídios de São Paulo. Dessa forma, seria possível colher as digitais, mesmo que tivessem sido totalmente danificadas. Tânia afirma que existe a degravação de uma fita da Rede Globo em que o delegado Antônio Agnaldo Fracarolli, que cuidou do caso, demonstra que tem dúvidas sobre o reconhecimento do corpo.

De acordo com o MP, quando o corpo foi encontrado em 22 de agosto de 1997 em uma estrada, entre Taubaté e Campos do Jordão, o juiz disse à Polícia que não era a mulher dele mesmo antes de fazer o reconhecimento. A família foi até o local e fez o reconhecimento. A irmã de Marlene reconheceu uma jóia que ela tinha ganhado aos 15 anos de idade.

A advogada do juiz afirmou que o exame de DNA foi inconclusivo. “O corpo não era da professora”, disse. Entretanto, foi feito exame de arcada dentária pelo dentista da família e o corpo foi reconhecido, segundo o MP.

O exame da arcada dentária foi contestado pela defesa. “O molde da acarda dentária foi anexado há seis meses nos autos e nunca apareceu em cinco anos”, disse a advogada. Por isso, a defesa vai entrar com habeas corpus no Supremo para pedir novo depoimento do dentista da família.

A procuradora afirma que a morte foi provocada com a “intenção de se negar a materialidade do crime”. Valderez disse que quando o crime aconteceu o casal estava separado de fato.

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