Braços cruzados

Greve de servidores ameaça eleições
de 2016, afirma AGU, em ação no STJ

Autor

10 de agosto de 2015, 19h55

Está no gabinete da ministra Regina Helena Costa, do Superior Tribunal de Justiça, o destino da greve que pode atrapalhar o andamento das eleições municipais de 2016. A Advocacia-Geral da União ajuizou, no fim de julho, pedido para que o STJ obrigue o Sindicato dos Servidores do Judiciário (SindJus) a impedir que a manifestação por aumento salarial prejudique o pleito, que contará com 530 mil candidatos e mais de 100 milhões de eleitores.

De acordo com o pedido da AGU, a maior preocupação é com os funcionários da Secretaria de Tecnologia da Informação do Tribunal Superior Eleitoral. São eles que garantirão o funcionamento, por exemplo, da biometria, dos sistemas eletrônicos de cadastro e da própria urna.

“Os fatos narrados delineiam um cenário de gravíssimo risco para a realização regular das eleições em 2016, em razão das metas que devem ser obrigatoriamente cumpridas, relacionadas à biometria, como é de conhecimento público, bem como o diagnóstico de funcionamento das urnas eletrônicas, com base no pleito anterior, e contratações respectivas”, diz a inicial.

Segundo as contas do TSE, para que tudo corra bem nas eleições, é preciso que 90% dos funcionários estejam em seus postos, já que a meta é que 50 milhões de eleitores estejam cadastrados na biometria até a data das eleições do ano que vem. Os cartórios, segundo o TSE informou a AGU, precisam de 80% de seus quadros em atividade. Para os demais postos, a AGU pede ao STJ que garanta a presença de 50% os trabalhadores.

Os servidores do Judiciário inteiro estão em greve. Reclamam que seus salários estão defasados em relação à inflação e pedem reajuste. Antes do recesso parlamentar, o Congresso aprovou aumento de até 78% para os funcionários do Judiciário, escalonado até o fim de 2017.

Entretanto, a Presidência da República vetou o aumento por considerá-lo “inviável” e “incompatível” com o momento de ajuste fiscal que vive o Brasil. Segundo as contas do Ministério do Planejamento, o reajuste causaria um impacto de R$ 25,7 bilhões em quatro anos.

Abrangência nacional
O caso já teve um despacho da ministra Regina Costa. A ação da AGU é uma Ação Cominatória de Obrigação de Fazer e de não Fazer com pedido de liminar. Na inicial, a Procuradoria-Geral da União, órgão da AGU, faz uma lista de todos os sindicatos de servidores do Judiciário do país e pede para que o STJ os obrigue a manter os servidores em atividade de acordo com as necessidades das eleições e proíba os funcionários do TRE de São Paulo de parar as atividades.

A ministra, no entanto, entendeu que não estava demonstrada a abrangência nacional da greve, o que excluiria a competência do STJ de julgar a questão. Segundo ela, a jurisprudência do tribunal é de que as greves regionais são de competência dos respectivos tribunais de Justiça e regionais federais. Ao STJ, cabe o controle apenas de greves nacionais.

O SindJus garante que a greve é nacional e informa que os servidores da Justiça Eleitoral estão parados “Brasil afora” desde o dia 9 de junho deste ano. A mensagem de greve foi encaminhada ao TSE uma semana antes, no dia 3 de junho.

Já a PGU informa que foi recebida em audiência pelos assessores da ministra Regina Costa e já expôs ao gabinete a urgência da matéria. Segundo a Procuradoria, o TSE está atualizando as informações a respeito da greve e, assim que a AGU receber os novos dados, protocolará a emenda à inicial.

PET 10.939

Clique aqui para ler a inicial.

Autores

Tags:

Encontrou um erro? Avise nossa equipe!