Guerra de arapongas

Homem que denunciou espionagem da Kroll é preso por espionagem

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6 de novembro de 2007, 13h46

Giuseppe Ângelo Jannone, o homem que denunciou a Kroll de fazer espionagem no Brasil, foi preso na Itália por fazer espionagem. Junto com Jannone, ex-integrante de um grupo de elite dos carabineiros e ex-chefe de segurança da Telecom Itália no Brasil, foram presos Alfredo Melloni e Ernesto Preatoni, dois técnicos de informática que trabalhavam no setor de segurança da matriz da Telecom Itália.

Os três, integrantes do chamado Tiger Team, um grupo especial do setor de segurança da Telecom Itália, são acusados de armar um esquema de interceptações de informações eletrônicas, entre 2003 e 2005 no contexto da disputa pelo controle acionário da Brasil Telecom entre a Telecom Itália e o Banco Opportunity. As informações são do jornal La Repubblica.

Na ordem de prisão, de 320 páginas, um amplo espaço é dedicado ao contencioso entre Telecom Italia e Brasil Telecom e, em particular, à atividade de espionagem cibernética que teria sido dirigida contra a agência de investigações internacional Kroll, que entra no processo como parte prejudicada.

No Brasil, a Kroll foi acusada pela Telecom Itália e pelo governo federal de espionar seus dirigentes a mando do Opportunity. Entre as supostas vítimas da bisbilhotagem da Kroll está o ex-ministro da Secretaria de Comunicação Social do governo Lula, Luiz Gushiken. O esquema agora denunciado na Itália, inverte papéis. De denunciante de uma falcatrua, Jannone passa à condição de seu autor.

As investigações que levaram à prisão de Jannone fazem parte de um inquérito mais amplo, que antes levou à prisão Fabio Ghioni, considerado o cérebro dos ataques cibernéticos da Telecom; e Giuliano Tavaroli, o ex-chefe de Segurança da Telecom Itália e da Pirelli. Os dois já foram liberados.

Os promotores Fábio Napoleone, Nicola Piacente e Stefano Civardi acusam o trio de formação de quadrilha, aquisição ilícita de informações e apropriação indébita. Podem ainda ser enquadrados em crime de interceptação informática abusiva.

Segundo os promotores, Jannone planejava e coordenava ataques piratas na internet, Preatoni colocava à disposição a mão de obra e a estrutura logística par a execução do plano, enquanto que Melloni, de 23 anos, colocava em prática as suas habilidades de hacker. Os ataques informáticos, segundo os procuradores, partiam de computadores operados pelo Tiger Team e instalados dentro dos escritórios da própria Telecom Itália.

Entre as vítimas das ações de espionagem figuram Carla Cico, ex-presidente da Brasil Telecom; o presidente do Banco Opportunity Daniel Dantas e outros diretores da instituição financeira; a agência Kroll; os jornalistas do jornal italiano Libero Fausto Carioti e Davide Giacolone; funcionários da Victory, empresa de consultoria da Brasil Telecom; e advogados do escritório Giorgianni, que cuidava dos interesses da Brasil Telecom na Itália.

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