CPI dos Correios

Outro doleiro diz que fez transferências ao exterior para Maluf

Autor

18 de outubro de 2005, 19h44

O doleiro paranaense Alberto Youssef, condenado por remessas ilegais de dinheiro ao exterior pelo Banestado, afirmou nesta terça-feira (18/10) à CPMI dos Correios que operou contas do ex-prefeito paulistano Paulo Maluf (PP) no exterior. Ele afirmou que uma conta de Maluf na Suíça teria recebido dinheiro de suas operações em 1996, quando o político ainda era prefeito. O doleiro disse também que não teria como comprovar suas afirmações e que movimento entre US$ 1 milhão e US$ 2 milhões.

Youssef negou ao relator da CPMI, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), que tenha feito qualquer operação com a corretora Bonus-Banval, acusada de repassar dinheiro do PT a partidos aliados. No entanto, o doleiro admitiu conhecer os ex-diretores da corretora Enivaldo Quadrado e Breno Fischberg. As informações são da Agência Câmara.

O doleiro paranaense também negou ter conhecido ou tido qualquer atividade com o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares ou com o empresário Marcos Valério Fernandes de Souza, acusado de ser operador do Mensalão. Segundo Youssef, suas operações eram feitas somente com doleiros no mercado, entre eles Antonio Oliveira Claramunt, o Toninho da Barcelona, e Clark Seton.

No depoimento, ele admitiu que conhece o deputado federal José Janene (PP-PR), mas assegurou que não operava para o deputado. O doleiro explicou o recebimento de um cheque nominal de R$ 150 mil de Janene. Segundo Youssef, o valor teria sido emprestado a um empresário do Paraná para que pagasse serviços do advogado Valdoci José dos Santos. Janene teria sido o fiador do empréstimo e, por isso, teria deixado com Youssef o cheque, que não chegou a ser descontado.

O doleiro também disse não saber se Toninho da Barcelona teria transferido dinheiro para o exterior a pedido do PT e afirmou que nunca tinha ouvido falar da empresa Guaranhuns, que pertence oficialmente à offshore Esfort Trading e teria sido usada por Marcos Valério para enviar dinheiro ao exterior.

Youssef admitiu ter operado por meio do Banestado em média US$ 15 milhões por dia (R$ 33,6 milhões na cotação atual). A maior parte das operações era feita por contas CC5. De 1996 a 2000, foram movimentados US$ 2,5 bilhões —R$ 5,6 bilhões. O doleiro afirmou que pagava propina quinzenal a diretores do Banestado de US$ 7 mil dólares para obter facilidades nas operações com o banco.

Tags:

Encontrou um erro? Avise nossa equipe!