Imagem em jogo

Foz do Iguaçu quer reparação da CNN por difamação

Autor

11 de maio de 2004, 14h57

Está marcada para esta quarta-feira (12/5) a primeira audiência de conciliação entre a prefeitura de Foz do Iguaçu e a TV norte-americana CNN. A cidade acusa a rede norte-americana de prejudicar o turismo local desde quando, em novembro de 2001, a repórter Christiane Amanpour apontou a existência de um pôster, supostamente falso, das Cataratas do Iguaçu dentro de um prédio de Cabul, que havia sido abandonado pela Al Qaeda, organização de Osama Bin Laden.

A partir de então, Foz do Iguaçu passou a ser acusada de abrigar grupos terroristas pela CNN. O município paranaense entrou na Justiça pedindo indenização por reparação de danos à rede. A audiência de conciliação será no Fórum de Justiça de Foz do Iguaçu.

O prefeito de Foz do Iguaçu, Sâmis da Silva (PMDB), argumenta que a ação foi motivada por notícias negativas e falsas veiculadas na mídia internacional, que denegriram a imagem da cidade como destino turístico.

“É uma ação legítima e que deu um basta às notícias falsas sobre Foz do Iguaçu e a tríplice fronteira. A CNN veiculou falsamente a existência de terroristas na região”, afirma. Segundo ele, o município vai propor na conciliação um montante, ainda não estimado, em mídia positiva sobre os atrativos turísticos de Foz do Iguaçu e o potencial econômico da tríplice fronteira em relação ao Mercosul.

“Somos o destino turístico do momento. Recebemos mais de 336 mil turistas no primeiro quadrimestre do ano e também somos um portão de entrada e de negócios do Mercosul. Queremos ampliar e incrementar esse tipo de divulgação”.

Paranóia americana

O procurador-geral do Município, Antônio Vanderli Moreira, listou uma série de matérias, de diversos órgãos da mídia escrita, que tem como fontes a rede CNN e o governo norte-americanos e os desmentidos de autoridades, principalmente no que se refere à existência de grupos terroristas em atividades na fronteira entre os três países do Mercosul.

“O governo americano e seus canais de mídia têm o direito de se preocupar com o que quiserem, de desconfiar de qualquer um. Só não podem ficar espalhando pelo mundo tais idiotices, estigmatizando um povo ordeiro que ajudou a moldar esta fronteira. Não podem comprometer o turismo, principal atividade econômica da região, apenas com suspeitas de atividades terroristas em potencial, com base em indícios que não se comprovam em sua concretude”, destacou.

Moreira alega que as notícias inverídicas e alarmistas espalhadas pelos norte-americanos criaram um pavor coletivo, “obrigando as autoridades a variadas operações preventivas, que alimentaram e continuam alimentando a desconfiança de todos em relação à tríplice fronteira. O prejuízo econômico perpetuou-se”.

Difamação

Para o procurador, foi patente a intenção de atacar a tríplice fronteira e Foz do Iguaçu de forma difamatória, “ofendendo diretamente a imagem e honra objetiva, desacreditando o município perante toda a população do Brasil e também no exterior”.

A ação busca a tutela do Estado para obter reparação pelos danos à imagem de Foz do Iguaçu e requer a condenação da CNN e a indenização do município “em quantia a ser arbitrada, a título de danos morais; que se leve em conta no arbitramento que foram ofendidas e prejudicadas mais de 270 mil pessoas”.

O procurador requereu ainda “que seja também condenada a ré a indenizar os danos materiais a serem apurados em liquidação de sentença, já que por ora não existem elementos para aquilatar os prejuízos sofridos pela cidade”. (OAB-PR)

Tags:

Encontrou um erro? Avise nossa equipe!