Reação em cadeia

Suposta conta da Parmalat na Suíça gera polêmica

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14 de fevereiro de 2004, 18h08

A reportagem intitulada “O tesouro de Tanzi: a conta foi achada”, publicada neste sábado (14/2) na manchete no diário italiano Corriere della Sera movimentou de forma considerável o pacato cantão do Ticino, na parte italiana da Suíça.

De acordo com o texto do jornal, os procuradores de Milão que investigam o caso Parmalat teriam encontrado no país dos Alpes uma conta com cerca de 100 milhões de euros que pertenceria ao fundador da Parmalat, Calisto Tanzi.

A quantia, originária de um esquema de “descontos” obtidos pela empresa de latícinios da fabricante de embalagens sueca Tetra Pak, estaria depositada no banco PKB Privatbank AG, na cidade de Lugano. E seria administrada pelo renomado escritório de advocacia suíço Spiess, Brunoni, Pedrazzini e Molino.

Num comunicado seco, divulgado nesta tarde, o escritório de advocacia afirma que “nos últimos 10 anos, baseados em dados precisos do cliente, uma soma de pouco menos de 2 milhões de euros foram transferidos”. E ressalta que quando veio a tona a desconfiança em torno do caso Parmalat “o órgão suíço responsável” foi informado.

Dados exatos sobre quem era o dono do dinheiro e também todas as transações realizadas não constam do comunicado.

O banco citado também reagiu à reportagem: “Nosso banco nunca teve contato direto com o grupo Parmalat”, disse o diretor-geral do PKB, Fernando Zari, em entrevista na rádio do Ticino. Ele afirmou também que nunca teria encontrado Tanzi pessoalmente.

O diretor explicou que no banco, no momento, existem apenas alguns poucos mil francos que seriam atribuídos ao Grupo Parmalat. Esse valor seria de restos de transações que o escritório de advocacia teria executado. E fez questão de frisar que, já há algum tempo, o PKB informou as autoridades competentes sobre a existência da conta. “Nós não precisamos absolutamente nos censurar”, afirmou.

Falso desconto

Na reportagem, o Corriere reproduz afirmações do diretor financeiro da empresa, Fausto Tonna, explicando como se dava o desvio.

Segundo ele, a Parmalat pagava o preço estabelecido em contrato com a Tetra Pak e depois uma parte da soma era restituída como desconto. Mas o desconto não chegava ao caixa da empresa e acabava na conta de outras sociedades do grupo.

Pelos cálculos de Tonna, há cerca de oito anos o desvio era feito. “Os descontos giravam em torno de US$ 5 a 6 milhões em 1996 e foram aumentando ano a ano, chegando a 32 milhões de euros em 2001”.

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