Na mira

Mercedes-Benz é investigada por troca sigilosa de peças

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8 de abril de 2002, 17h19

A Secretaria de Direito Econômico, órgão de defesa do consumidor ligado ao Ministério da Justiça, está investigando a Mercedes-Benz do Brasil. Segundo reportagem publicada na edição desta semana da revista Época, a montadora alemã, representada pela Daimler Chrysler, estaria trocando uma série de peças – que saíram com defeito de fábrica e poderiam colocar em risco a vida de motorista e passageiros -, sem o intermédio da mídia, conforme determina a lei.

As “ações de saneamento” – como a montadora chama os recalls silenciosos – envolvem caminhões e ônibus. A revista obteve documentos relativos a mais de 20 ações. Em 28 de fevereiro de 2001, por exemplo, a Mercedes pediu que as concessionárias substituíssem um contrapino para evitar que o pedal de freio caísse. A campanha envolvia cerca de 5 mil veículos.

Em 12 de junho do mesmo ano, houve recomendação para troca do fecho da trava do cinto de segurança de mais de 200 veículos. Dois meses depois, foi a vez de substituição de fusíveis, “devido à possibilidade de curto-circuito”, conforme aponta documento da própria empresa.

A montadora alega que a troca de peças se deve à “chegada de inovações tecnológicas” e que os problemas constatados “não resultam em periculosidade ou afetam a segurança do consumidor”. Porém, para o Laboratório de Motores e Veículos do Instituto Mauá de Tecnologia, “são falhas que podem colocar em risco a segurança do motorista, dos passageiros e até de terceiros”.

A ação da Secretaria de Direito Econômico vai engrossar os processos enfrentados atualmente pela Daimler Chrysler. Diversas concessionárias, e mesmo a Assobens (Associação Brasileira dos Concessionários Mercedes-Benz), acionam a montadora na Justiça.

A Caric, de Mogi das Cruzes (SP), pede indenização de R$ 200 milhões por perdas e danos. Segundo o presidente da empresa, Sérgio Meloni, “a Mercedes queria reduzir o número de revendas e tomou atitudes desleais. Estamos no vermelho por culpa dela”, disse.

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