Olho no voto

Abrapel aborda pesquisas eleitorais em vários países em seminário

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19 de maio de 2022, 21h57

Acadêmicos de vários países relataram experiências e métodos usados nas pesquisas eleitorais ao redor do mundo no painel de encerramento do seminário internacional "Pesquisas Eleitorais: Desafios e metodologias na democracia contemporânea", da Associação Brasileira de Pesquisadores Eleitorais (Abrapel), na noite desta quinta-feira (19/5).

Divulgação
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O evento ocorreu em formato híbrido, com participações virtuais e uma apresentação presencial no campus da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). As atividades do seminário aconteciam desde terça-feira (17/5). Todos os painéis foram transmitidos pelo canal da Abrapel no YouTube.

Pesquisas eleitorais no mundo
O painel final teve a participação do professor Paul Beck, da Universidade de Ohio. Ele contou sobre os métodos do Comparative National Elections Project (CNEP), projeto que compara eleições de diversas nações. Desde 1990, o CNEP já fez 66 pesquisas eleitorais em 30 países.

Entre os temas abordados nas pesquisas estão as ideologias e orientações políticas, aprovação dos governos, sociodemografia, o papel da mídia, participação democrática, qualidade das eleições, a importância da internet e das redes sociais, populismo, ameaças à democracia e fake news.

Beck mostrou dados sobre polarização entre governantes e oposição pelo mundo. O CNEP constatou picos nas últimas edições de eleições dos Estados Unidos, especialmente a de 2020. O pesquisador também apontou o desafio de trazer novas realidades e fundir os casos de cada pesquisa feita.

Robert Mattes — professor das Universidades da Cidade do Cabo, na África do Sul, e de Strathclyde, na Escócia — fez uma apresentação sobre seu projeto de pesquisas eleitorais no continente africano, o Afrobarometer.

As pesquisas do Afrobarometer — feitas em mais de 30 países e em 80 idiomas — são voltadas à cultura política da população africana, focadas nos valores, atitudes e experiências dos cidadãos com relação às eleições, à democracia e aos governos.

Mattes explicou a metodologia do projeto. Nas pesquisas, os cidadãos africanos são questionados sobre sua identificação com algum partido, sua identificação com os partidos governantes — algo que vem diminuindo ao longo deste século —, sua participação em eventos de campanha, sua confiança no pleito e a integridade das eleições.

Alejandro Moreno, professor do Instituto Tecnológico do México (Itam), abordou pesquisas eleitorais na América Latina, com foco no próprio México.

Segundo ele, as pesquisas captam cada vez mais informações para entender os eleitores e o que eles pensam sobre as eleições. No entanto, os cidadãos nunca são completamente compreendidos, já que mudam constantemente — assim como o próprio pleito.

O professor ressaltou que a evolução das pesquisas eleitorais é motivada pelo ímpeto de conseguir maior qualidade nas informações sobre os pleitos. Ele ainda destacou que as pesquisas nem sempre explicam totalmente os fenômenos eleitorais, mas ao menos documentam determinados acontecimentos relevantes para os países.

Por fim, Ricardo Reis, diretor do Centro de Estudos Aplicados da Universidade Católica Portuguesa, traçou um panorama das pesquisas eleitorais em Portugal.

De acordo com ele, é difícil delimitar quais fatores das últimas eleições portuguesas estão relacionados à crise da Covid-19 e quais fatores se relacionam com o contexto político que já permeava o país.

Reis afirmou que as eleições de Portugal costumavam ser bem previsíveis, mas recentemente se tornaram imprevisíveis — por exemplo, a mudança do prefeito de Lisboa, no último ano, não era esperada.

O cientista político Antonio Lavareda, presidente de honra da Abrapel, fez uma breve participação para dar as boas-vindas aos participantes do painel de encerramento.

Clique aqui para assistir ao debate ou veja abaixo:

Livro
Antes do debate, ocorreu o lançamento do livro "As eleições municipais da pandemia", organizado por Lavareda e pela presidente da Abrapel, Mara Telles. A obra examina as eleições de 2020.

Os autores falaram sobre seus artigos contidos no livro, que envolvem discussões sobre estratégias partidárias, coligações, propaganda eleitoral na TV, tendências ideológicas dos eleitos em 2020, desinformação no âmbito eleitoral e projetos de factchecking surgidos nos últimos anos.

Clique aqui para assistir ao lançamento ou veja abaixo:

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