Luto no Direito

Morre José Gregori, ex-ministro da Justiça no governo FHC

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4 de setembro de 2023, 8h21

Morreu neste domingo (3/9) José Gregori, ex-ministro da Justiça durante o governo de Fernando Henrique Cardoso. O velório será nesta segunda-feira (4/9), das 8h às 14h, na Funeral Home, em São Paulo. O enterro ocorre às 15h, no Cemitério da Consolação.

Spacca
Gregori, que era advogado, se notabilizou pela defesa dos direitos humanos e da democracia. Foi um dos fundadores da Comissão Arns e um dos signatários da "Carta aos brasileiros", divulgada no fim da ditadura militar em defesa da Justiça e da cidadania. Também assinou a Carta às brasileiras e aos brasileiros, em 2022, repudiando o autoritarismo.

Integrou o governo FHC em seu segundo mandato, entre 2000 e 2001, quando foi ministro da Justiça, além de ter comandado a Secretaria Nacional de Direitos Humanos.

O presidente Lula, pelo Twitter, registrou pesar pela morte. "O jurista José Gregori sempre foi um grande defensor dos direitos humanos e do Estado Democrático de Direito no Brasil, principalmente nos momentos mais desafiadores para nossa democracia."

"Defendeu sempre seus ideais, mesmo nos momentos mais difíceis da nossa história recente", prosseguiu. "Neste momento de tristeza, envio meu abraço aos seus familiares, amigos, companheiros de militância política e admiradores."

A Comissão Arns também lamentou o falecimento de Gregori. "Com enorme tristeza, a Comissão Arns lamenta o falecimento de um de seus membros fundadores, o advogado e ex-ministro da Justiça José Gregori. Seu legado em defesa dos direitos humanos não será esquecido! Nossa solidariedade aos familiares", postou a instituição no Twitter.

O ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal, também manifestou sua tristeza. "É com profunda tristeza que recebi a notícia do falecimento de José Gregori. Advogado combativo, membro fundador da Comissão Justiça e Paz da Arquidiocese de São Paulo e da Comissão Arns, ex-Ministro da Justiça, ex-Secretário Nacional dos Direitos Humanos e membro da Academia Paulista de Letras, José Gregori deixa um grande legado, na história do Brasil, de resistência à ditadura e de defesa intransigente do Estado Democrático de Direito e dos direitos humanos. Transmito minhas condolências e solidariedade aos familiares, amigos e admiradores desse grande humanista e democrata brasileiro."

O ministro Alexandre de Moraes, também pelo Twitter, manifestou seu pesar. "O Brasil perdeu um de seus maiores defensores da Democracia e dos Direitos Humanos. Amigo, leal, inteligente e sereno, José Gregori deixou um importante legado para todas as futuras gerações. Meus sentimentos aos familiares e amigos."

Trajetória
Formado em Direito pela Universidade de São Paulo em 1954, participou ativamente de eventos contra movimentos antidemocráticos. Dez anos depois, com o início da ditadura militar, passou a defender presos políticos.

Depois de ter passado por alguns cargos em Brasília, foi nomeado em 1995 chefe de gabinete do ministro da Justiça, Nelson Jobim, que viria a ser ministro do Supremo Tribunal Federal dois anos depois. Ali, Gregori coordenou o projeto que estudava a elaboração da Lei dos Desaparecidos Políticos e a elaboração do Plano Nacional dos Direitos Humanos.

Em entrevista à revista eletrônica Consultor Jurídico em 2020, ele defendeu a superação da Lei de Segurança Nacional e lembrou da tentativa engendrada por um grupo de juristas com esse propósito ainda em 2002, além de comentar a criação do Plano Nacional de Segurança e refletir sobre os impactos da "lava jato".

Egberto Nogueira/Ímãfotogaleria
Egberto Nogueira/ÍmãfotogaleriaLuiz Eduardo Greenhalgh, Márcia Ramos de Souza, José Carlos Dias e José Gregori no lançamento da Carta às brasileiras e aos brasileiros na USP em 2022

 

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