GRANDES TEMAS, GRANDES NOMES DO DIREITO

Economia digital tem de estar na reforma tributária, afirma Mauro Campbell

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9 de maio de 2023, 9h45

Essencial para o Brasil, a economia digital precisa ser discutida e necessariamente incluída na reorganização da matriz tributária do país. É o que pensa o ministro Mauro Campbell Marques, do Superior Tribunal de Justiça.

A entrevista com o ministro faz parte da série "Grandes Temas, Grandes Nomes do Direito", que a revista eletrônica Consultor Jurídico apresenta a partir desta semana. Nela, algumas das mais influentes personalidades do Direito brasileiro vão falar sobre os assuntos mais relevantes da atualidade nacional.

TV ConJur
TV ConJurO ministro do Superior Tribunal
de Justiça Mauro Campbell Marques

"Eventualmente, a empresa de software que navega nessa área pode querer — e é muito natural que assim proceda — não sofrer nenhuma hipótese de incidência, nem no início, nem no final da transação. Diante dessa volatilidade de transferência de recursos, para lá e para cá, a economia digital é para o Brasil, assim como para o mundo, essencial", disse o magistrado. "Nós não podemos viver sem ela, mas necessariamente precisamos racionalizar, revendo conceitos. A reforma tributária que está em análise no Congresso Nacional, com toda dificuldade, haverá de dar alguns passos à frente para rever esses conceitos, reorganizando a matriz tributária brasileira, cuja regressividade é sempre espantosa."

Ao defender a atualização da legislação tributária, Mauro Campbell Marques afirmou que o Brasil vive em um estado de manicômio tributário. "Alguns críticos mais severos defendem o manicômio, já que dele pode-se fugir. Não é o caso do sistema tributário brasileiro. Não se pode fugir dessa parafernalha, dessa legiferância toda."  

Avaliando que o Brasil é atraente para investimentos de empresas internacionais, o ministro defendeu a reforma tributária para que o país tenha um ambiente com segurança jurídica. E ele destacou o grande volume de leis tributárias no Brasil.

"É preciso colocar que a 1ª Seção de Direito Público do STJ, por exemplo, encarregada de julgar essencialmente a matéria tributária em nível infraconstitucional, trabalha com cerca de 40 mil regulamentos, leis, normas e instruções normativas para decidir. Isso dá uma dimensão muito grave desse anacronismo tributário nacional."

Mauro Campbell Marques defendeu o debate sobre as soluções alternativas de conflitos, que têm conquistado espaço entre os especialistas da área tributária.

"Deve-se quebrar o preconceito ao novo. Sou servidor de carreira a vida toda. Nós partimos sempre do pressuposto de que estamos em discussão com pessoas sérias, honestas e corretas. Fixadas as balizas por lei, para essa alternativa, de solução de conflitos, acho que não é só viável, mas como essencial para sairmos da ratio absoluta de que só vai resolver os seus problemas, também na área tributária, ingressando em juízo."

Clique aqui para assistir à entrevista com Mauro Campbell Marques ou veja abaixo:

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