O preço do poder

Campanha para ministro de tribunal superior já custa US$ 6 milhões nos EUA

Autor

20 de fevereiro de 2023, 10h31

Nesta terça-feira (21/2), quatro candidatos vão disputar uma eleição primária (uma espécie de primeiro turno) para o cargo de ministro do Tribunal Superior de Wisconsin, nos Estados Unidos. Em 4 de abril, os dois mais votados vão disputar a eleição geral (ou segundo turno). Quem vencer, irá ocupar a cadeira da ministra Patience Roggensack, que vai se aposentar.

Reprodução
Só na eleição primária, as campanhas eleitorais dos candidatos já investiram mais de US$ 6 milhões, apenas em anúncios de rádio e TV, de acordo com a firma de compra de mídia e rastreamento de anúncios Medium Buying.

Até a eleição geral, os candidatos devem bater o recorde em gastos com anúncios em campanhas eleitorais para o tribunal, que é de US$ 10 milhões, segundo a organização Wisconsin Democracy Campaign.

Em Wisconsin, a eleição para ministro do tribunal é não partidária — mas apenas teoricamente. Na verdade, a corte é composta, atualmente, por quatro ministros conservadores e três liberais (ou progressistas) — declaradamente. Ou seja, os conservadores têm uma maioria de 4 a 3.

Assim será a eleição deste ano. Ela será disputada por dois candidatos conservadores (Jennifer Dorow e Daniel Kelly) e dois candidatos liberais (Everett Mitchell e Janet Protasiewicz). Se um conservador ganhar, se mantém o status quo, porque a ministra que deixa o cargo é conservadora; se for um liberal, a maioria se inverte.

Haverá muitas decisões importantes em jogo para a população de Wisconsin, em um futuro próximo — entre as quais, a de que o estado deve liberar ou banir o aborto e a elaboração de mapas distritais. Por isso, o dinheiro das campanhas também vêm de grupos conservadores e liberais, não só dos próprios candidatos.

O grupo conservador Fair Courts America, por exemplo, investiu US$ 1,6 milhão e o grupo Alliance for Reform outros US$ 360 mil, em anúncios a favor dos candidatos conservadores. E o grupo liberal A Better Wisconsin Together contribuiu com US$ 1,5 milhão para anúncios a favor dos candidatos liberais.

A candidata liberal Janet Protasiewicz foi a que mais investiu em anúncios: US$ 1,5 milhão. A candidata conservadora Jennifer Dorow investiu US$ 360 mil. Os dois outros candidatos investiram menos.

De acordo com a firma de rastreamento de anúncios AdImpact, o lado liberal-democrata investiu um pouco mais na campanha eleitoral: US$ 3,2 milhões; o lado conservador-republicano investiu US$ 2,8 milhões.

Organizações femininas nacionais não fizeram contribuições às campanhas, mas declararam apoio aos candidatos liberais.

Os anúncios nessa eleição não partidária são semelhantes aos de eleições partidárias: os candidatos defendem abertamente as causas de um ou outro partido e atacam os adversários.

Em um anúncio, por exemplo, a conservadora Jennifer Dorow se descreve como a candidata de escolha da aplicação da lei (law enforcement's choice), à semelhança das campanhas republicanas, em que os candidatos se declaram defensores da "lei e da ordem".

E se vangloria de presidir um julgamento em que um homem foi condenado por matar seis pessoas, ao acelerar seu carro em direção a um desfile, em 2021.

Em seu anúncio, a liberal Janet Protasiewicz diz que pretende expandir o direito ao aborto no estado e que ela atuou 25 anos como promotora, quando mandou inúmeros criminosos para a prisão. Assim, ela seria a candidata da lei e da ordem.

Ela afirma, em um anúncio, que Jennifer Dorow, como juíza, aplicou uma sentença leve a um homem que estuprou uma menor de idade. E que a adversária, bem como o outro candidato conservador Dan Kelly, como advogados, enriqueceram defendendo réus acusados de crimes sexuais e pornografia. Com informações da NBC News, da emissora de TV Fox6 Milwaukee e da BallotPedia.

Autores

Tags:

Encontrou um erro? Avise nossa equipe!