Novos ares

Cristiano Zanin toma posse como novo ministro do Supremo Tribunal Federal

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3 de agosto de 2023, 16h26

O advogado Cristiano Zanin assume nesta quinta-feira (3/8) o cargo de ministro do Supremo Tribunal Federal. Indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ele passa a ocupar a vaga de Ricardo Lewandowski, que se aposentou em abril deste ano.

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ConJurNovo ministro Cristiano Zanin é ladeado pelo ministro mais novo do STF, André Mendonça, e pelo decano, Gilmar Mendes

A cerimônia de posse aconteceu no próprio Supremo, e contou com a presença em peso da classe política e jurídica do país. Clique aqui para ver as fotos do evento. Operadores do Direito disseram à revista eletrônica Consultor Jurídico esperar que Zanin seja um ministro garantista, que promova a defesa de direitos individuais.

Além dos demais ministros do Supremo, compareceram ao evento os presidentes da República, Lula e seu vice, Geraldo Alckmin; da Câmara, Arthur Lira; e do Senado, Rodrigo Pacheco. O procurador-geral da República, Augusto Aras, e o advogado-geral da União, Jorge Messias, também estavam na cerimônia.

Entre os ministros do STJ, compareceram a presidente Maria Thereza de Assis Moura, Rogério Schietti, Luis Felipe Salomão, Sebastião Reis, Benedito Gonçalves, Ricardo Villas Bôas Cueva, Mauro Campbell, João Otávio de Noronha. Entre os ministros do Executivo, o da Justiça, Flávio Dino, também participou da solenidade.

O agora ministro ganhou notoriedade a partir de 2013, quando assumiu a defesa de Lula, até então conduzida por Roberto Teixeira, seu sogro. Com estilo combativo e disposição aparentemente infinita, logo passou a antagonizar com o ex-juiz Sergio Moro, responsável por julgar os processos da finada "lava jato", que ganhou fôlego a partir de 2014.

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O advogado se aproximou mais de Lula a partir de 2018, durante os 580 dias em que o presidente ficou preso em Curitiba por ordem de Moro. Ele se orgulha de ter ajudado, por meio de sua atuação, a desnudar os métodos criminosos da "lava jato" e conseguido vencer em todos os processos do petista.

Zanin é frequentemente tratado como criminalista, embora seja especializado em Direito Processual Civil pela PUC-SP. Em reservado, no entanto, desdenha desse tipo de rótulo: ele acredita que hoje o bom advogado precisa ter formação interdisciplinar, em especial para atuar em processos como os da "lava jato". Ao lado da mulher, Valeska Zanin Martins, levou essa interdisciplinaridade para as defesas de Lula. 

O escolhido de Lula se formou em Direito pela PUC-SP, em 1999. Deu aulas de Direito Civil na Faculdade Autônoma de São Paulo e começou a carreira na advocacia em 2000, como estagiário do escritório Arruda Alvim. 

Começou a trabalhar na banca Teixeira Martins Advogados em 2004. O escritório passou a levar o nome de Zanin em 2020, quando se tornou Teixeira Zanin Martins Advogados, sociedade de que também fazem parte Valeska e Larissa Teixeira. 

Reprodução/TV Justiça
Reprodução/TV JustiçaCristiano Zanin assinando termo de posse

A atuação como advogado de Lula, por colocá-lo sob os holofotes da imprensa nacional, trouxe vários percalços a seus outros processos. No caso mais emblemático, a ConJur revelou, em 2016, que o escritório de Zanin foi grampeado por Moro, a despeito de ser proibida a interceptação de conversas entre clientes e advogados. 

Em 2020, ele virou alvo de outro juiz lavajatista. Marcelo Bretas, que, atendendo a pedido do Ministério Público Federal no Rio de Janeiro, determinou busca e apreensão contra diversos advogados, entre eles Zanin. O bote midiático se baseou na delação do ex-presidente da Fecomercio do Rio de Janeiro, Orlando Diniz, e foi posteriormente anulado pelo Supremo por usurpação de competência.

Na ocasião, em entrevista exclusiva, o advogado já defendia que a investigação era uma tentativa de intimidar advogados e denunciava o uso indiscriminado de delações como base para processos. "O uso de delatores como instrumento para alcançar alvos pré-determinados é uma metodologia de que a 'lava jato' se utiliza desde o começo da operação", afirmou ele.

Zanin já havia abordado o tema em outra entrevista à ConJur, de 2019, quando destacou que o "modelo de processo baseado em delações impede o verdadeiro combate à corrupção". Na conversa, o advogado comentou o lançamento do livro Lawfare: uma introdução, que ele escreveu ao lado de Valeska Teixeira Martins e Rafael Valim.

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