Busca do equilíbrio

Pesquisa aponta que equidade de gênero é meta para 80% dos grandes escritórios

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31 de março de 2022, 21h42

O combate à discriminação contra a mulher consta das metas e dos planos de ação de 80% dos grandes escritórios de advocacia do país. Efeito direto desse tipo de prática, as mulheres já ocupam mais da metade do quadro jurídico — como advogadas ou estagiárias — em 93% das bancas de grande porte.

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Comunicação é inclusiva em todos os grandes e médios escritórios consultados
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Esses são alguns dos dados revelados pela pesquisa sobre equidade de gênero divulgada nesta semana pelo Centro de Estudos das Sociedades de Advogados (Cesa). Feito em parceria com a consultoria Tree, o levantamento coletou dados de 114 escritórios de grande, médio e pequeno portes em 15 estados entre os dias 6 de outubro e 3 de novembro do ano passado.

O centro de estudos quis saber como anda o esforço para estabelecer o equilíbrio na participação e nas oportunidades dadas a mulheres e homens nas sociedades de advocacia.

Foram feitas questões acerca de planos de ação interna, compromisso público, comunicação inclusiva, investimentos em diversidade e inclusão e metas para a promoção hierárquica de mulheres, entre outras.

Em relação aos índices de participação feminina nas bancas, a sondagem aponta que as advogadas ocupam metade ou mais do quadro de sócios em praticamente dois terços dos grandes, médios e pequenos escritórios consultados.

Entre os escritórios considerados grandes — aqueles com cem ou mais empregados —, 35% disseram ter estabelecido metas para levar advogadas para cargos de liderança, enquanto outros 35% dizem não precisar mais desse tipo de política por já terem atingido a equidade. Por outro lado, 30% dizem que ainda não têm — ou não pretendem ter — metas do tipo.

A pesquisa aponta ainda que a comunicação interna e externa é considerada inclusiva em todos os grandes e médios escritórios ouvidos — entre as pequenas sociedades, 94,2% dizem ter esse tipo de relação com o público.

A existência de comitê, área ou pessoa responsável para trabalhar e implementar diversidade e inclusão (DE&I) é relatada por 92,5% das grandes bancas. Entre as médias, 59,1% dizem ter uma área dedicada à DE&I, enquanto apenas 28,8% das pequenas relatam ter um setor nesses moldes.

Em relação a programas de desenvolvimento profissional, 77,5% das grandes sociedades dizem possuir plano de carreira com metas claras e objetivas sobre o crescimento e a evolução dos empregados.

Entre os médios, a existência de plano de carreira ocorre em 81,8% das bancas. Entre as pequenas, por sua vez, esse tipo de programa foi implementado por apenas 53,8% delas.

Já os programas voltados a trabalhar e aumentar a liderança feminina são adotados por 57,5% dos escritórios maiores. Entre os médios, porém, 82% dizem não promover esse tipo de ação.

Quanto às políticas internas pró-equidade, 85% das bancas de grande porte afirmaram adotar práticas que favorecem a inclusão e a retenção de mulheres nas vagas. Esse número cai para 59,1% nas bancas médias e 60% nas pequenas.

Tempo de reflexão
Vice-presidente nacional do Cesa e uma das responsáveis pela pesquisa, a advogada Cristiane Romano avalia que questionários dessa natureza ajudam as sociedades de advogados a refletir melhor sobre suas políticas de equidade, uma vez que as profissionais continuam enfrentando obstáculos para alcançar postos de destaque na advocacia, apesar de todos os avanços.

"Não houve uma surpresa quanto ao resultado. A maior parte dos escritórios têm maioria feminina. Não há dificuldade em relação ao recrutamento, a exemplo do que ocorre na área de tecnologia. No Direito, o que acontece é que, à medida que essas mulheres vão subindo na carreira, esse número vai afunilando. As sociedades precisam adotar programas, mas ainda temos o problema do viés machista, que nós nem percebemos, mas que ainda está escondido em algum lugar", explica a advogada.

O estudo rendeu o selo Cesa Equidade de Gênero na categoria destaque a oito bancas que já apresentam alto desempenho na busca por inclusão das mulheres. Outros 62 escritórios obtiveram resultados consideráveis e receberam o selo de aliados da causa.

Fundado em 1983, em São Paulo, o Cesa é uma associação civil sem fins lucrativos constituída por sociedades de advogados regularmente inscritas na OAB. Entre suas finalidades estão a promoção de estudos sobre a Justiça e o exercício da advocacia e a representação dos interesses de suas associadas em juízo e em face dos órgãos de classe.

Confira aqui a íntegra da pesquisa

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