ConJur, 25 anos

ConJur mantém a crônica forense contemporânea de que tanto necessitamos

Autor

  • Arnaldo Sampaio de Moraes Godoy

    é livre-docente pela USP doutor e mestre pela PUC- SP advogado consultor e parecerista em Brasília. Foi consultor-geral da União e procurador-geral adjunto da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional.

19 de julho de 2022, 14h04

Há 25 anos, quando a ConJur começou a circular, uma revolução nos meios de informação jurídica estava em movimento. Há 25 anos ainda havia livrarias jurídicas. Havia a oferta de profusão de títulos, autores, editores e editoras que publicavam tratados, cursos, manuais, monografias, dicionários, livros com modelos de petições, de todos os campos do direito.

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As livrarias jurídicas eram templos da vida forense. Eram espaços para advogados, juízes, promotores, professores, alunos. Aguardávamos as novidades. Na mesa de trabalho todos tínhamos os códigos de Theotonio Negrão (1917-2003), um advogado muito competente e inovador, nascido em Piraju, no interior do estado de São Paulo, que merece ser lembrado e homenageado, pelos serviços que prestou à comunidade jurídica nacional. Tão importante quanto Plinio Barreto, Noé Azevedo, Mendes Pimentel, Edmundo Lins, Pedro Aleixo, Bilac Pinto, e tantos outros que fundaram revistas e movimentaram a informação forense.

No entanto, nestes 25 anos as livrarias jurídicas foram diminuindo e desaparecendo. Os livros jurídicos então começaram a dividir espaços com demais títulos, expostos nas grandes livrarias, que marcam passagem (ainda bem) nos shopping centers que também se multiplicaram desde então.

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Os livros prêt-a-porter para concursos jurídicos, os resumos e as fichas de facilitação substituíram boa parte dos livros que até então podíamos ler.

A publicação de livros de direito tornou-se uma luta, e boa parte dos livros são financiados pelos próprios autores. Veio o livro eletrônico, o kindle, a multiplicação de textos em PDF (o portable document format). Tudo isso nos remete a uma visão apocalíptica (e real) do que vivemos nesses últimos 25 anos.

Mas há também uma perspectiva integrada e otimista desses novos tempos, vividos ao longo desses 25 anos que agora a ConJur festeja.  ConJur é uma revista eletrônica que representa uma iniciativa de sucesso de enfrentamento ao empobrecimento editorial que acompanhou a revolução dos meios de comunicação. Nem tudo está perdido.

Marcam essa reação a filosofia editorial da revista, a multiplicação de espaços editoriais e a rapidez da transmissão da informação, além da qualidade visual, cujas fotos, motivos e caricaturas tanto encantam os leitores.

A ConJur é um ponto de inflexão de jurisprudência, de doutrina, de legislação, de notícias, que consolida um espaço democrático, que é superlativamente acessível a todos.

A ConJur exerce uma liderança pedagógica. Noticia, comenta e critica as grandes decisões, de todos os tribunais. É um depósito de jurisprudência, de fácil acesso. Publica artigos de opinião e mantém colunas com muita estabilidade, que substancializam um corpo doutrinário muito influente.

A multiplicação de citações de artigos e reportagens da ConJur em decisões judiciais, artigos de doutrina, trabalhos de conclusão de curso, dissertações de mestrado e teses de doutoramento confirmam a importância da revista na construção de uma compreensão contemporânea do direito brasileiro. ConJur é um instrumento de sala de aula.

A ConJur é também um ambiente de debate, de polêmicas, de discussões, como se afere pela opinião dos leitores, que a revista publica, destemidamente. Há leitores que comentam tanto, e sempre, que se transformam em colaboradores permanentes.

A ConJur deu voz ao leitor anônimo, cuja opinião é tão importante quanto à opinião do autor do artigo de opinião.

Nestes 25 anos, a ConJur tornou-se um ambiente privilegiado, no qual, ao invés do lamento pelos tempos das livrarias jurídicas de ontem (irremediavelmente perdidos) há esforço e esperança nos tempos presentes. É indispensável para quem é do meio jurídico. É onde diariamente e com custo baixíssimo encontramos a jurisprudência, a doutrina, a informação precisa e o desafio intelectual. Parabéns a toda a equipe que mantém no ar a crônica forense contemporânea de que tanto necessitamos em nossa profissão.

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