Onda de Protestos

Mídia iraniana diz que procurador foi mal-interpretado sobre polícia moral

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5 de dezembro de 2022, 18h11

Em meio a uma onda de protestos que já dura quase três meses no Irã, uma declaração do procurador-geral do país trouxe indicações de que a temida polícia moral teria as atuações suspensas. No último sábado (3/12), o procurador Mohammad Jafar Montazeri comentou que a polícia moral "nada tem a ver com o Departamento de Justiça e seria encerrada por aqueles que a criaram".

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ReproduçãoProtestos no Irã envolvem principalmente mulheres e miram a polícia moral

A declaração de Montazeri logo foi interpretada como uma vitória dos jovens manifestantes, especialmente das mulheres, que desde setembro protestam contra a brutalidade da polícia moral. No dia 16 de setembro, a jovem de origem curda Mahsa Amini morreu sob custódia policial após ser detida por usar o hijab (véu preconizado pela doutrina islâmica) de forma incorreta.

Mas parece não ser bem assim. No domingo (4/12), horas após a declaração do procurador-geral Montazeri, o governo iraniano passou a acusar a "mídia ocidental" de interpretar suas falas de forma errada. A emissora estatal Al-Alam afirmou que a declaração correta do procurador foi: "O Departamento de Justiça não tem planos de abolir a 'polícia de segurança pública' e nem dará um passo nessa direção".

Mahdieh Golroo, ativista iraniana dos direitos da mulher, disse à Deutsche Welle que essa é uma conhecida tática do governo iraniano. "Eles criam esperanças, via mídia, de que são capazes de aprender com os erros e reformar o sistema", explica a ativista, que vive na Suécia, deixando claro que, em essência, nada vai mudar de forma tão fácil e rápida na República Islâmica do Irã.

Fio de esperança
As autoridades do país dizem estar revisando, via Legislativo e Judiciário, a lei que sobre o uso do hijab. Um “comitê de revisão” se reuniu com a Comissão Cultural do Parlamento no final de novembro para iniciar a reforma.

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